UE rejeita ideia de Netanyahu de imitar os EUA e levar embaixadas a Jerusalém

  • Por Agência EFE
  • 11/12/2017 16h23
EFE/EPA/DAN BALILTY EFE/EPA/DAN BALILTY Netanyahu também pediu que "fosse dada uma nova oportunidade para a paz" que - na sua opinião - se abriu com a decisão dos EUA

Os países da União Europeia (UE) rejeitaram nesta segunda-feira a sugestão do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, de transferirem suas embaixadas para Jerusalém e reconhecerem a cidade como capital do Estado de Israel, como fizeram os Estados Unidos.

“Sei que Netanyahu espera que outros sigam a decisão de Trump e transfiram suas embaixadas para Jerusalém. Ele pode manter suas aspirações em relação a outros, porque, do lado da UE, e de seus Estados-membros, esta decisão não chegará”, concluiu a alta representante do bloco, Federica Mogherini, em entrevista coletiva após um Conselho de Ministros dos países-membros do bloco.

Antes de sua reunião, os ministros receberam Netanyahu para um café da manhã informal que durou cerca de duas horas, na primeira visita de um primeiro-ministro israelense às instituições comunitárias europeias em Bruxelas em 22 anos.

O objetivo era abordar a relação bilateral e o futuro do processo de paz após o anúncio dos EUA sobre Jerusalém e Netanyahu foi taxativo para a imprensa durante a sua chegada: “Acredito que todos, ou a maior parte dos países europeus, transferirão suas embaixadas a Jerusalém, reconhecerão que ela é a capital de Israel e se envolverão de forma clara conosco em segurança, prosperidade e paz”, disse o premiê israelense.

Netanyahu, no entanto, reconheceu que ainda “não há um acordo” a respeito, mas previu que “isto é o que vai acontecer no futuro”.

Por outro lado, Mogherini insistiu que o líder israelense pôde ouvir dos países-membros uma posição “muito consolidada e unida” de que “a única solução realista e viável” é a de dois Estados, o de Israel e da Palestina, com Jerusalém como capital de ambos, segundo as fronteiras delineadas em 1967.

“A UE continuará respeitando o consenso internacional sobre Jerusalém até que o estatuto final da cidade seja resolvido mediante negociações diretas das duas partes. Foi uma mensagem clara e unida”, declarou a diplomata italiana.

Netanyahu, por sua vez, disse que Trump “pôs claramente os fatos sobre a mesa: a paz se baseia na realidade, no fato de que Jerusalém é a capital de Israel”.

O premiê lamentou que, apesar de “terem estendido a mão” aos palestinos em busca da paz “durante 100 anos”, os israelenses foram “atacados constantemente, não por um ou outro pedaço de território, mas por qualquer território que fosse um Estado, uma Estado-Nação para o povo judeu”.

Diante de Netanyahu, Mogherini condenou a violência contra os judeus, “inclusive na Europa”, bem como contra Israel e os cidadãos israelenses, mas alertou que o anúncio dos EUA “poderia abrir mais espaço para forças radicais de todas as partes e na região”.

“Agora temos que unir forças, as forças da razão e as determinadas a encontrar uma solução”, pediu a alta representante da UE.

Netanyahu também pediu que “fosse dada uma nova oportunidade para a paz” que – na sua opinião – se abriu com a decisão dos EUA, à espera de conhecer uma nova proposta americana que está sendo “encaminhada” para reiniciar o processo.

Mogherini reconheceu que “não há nenhuma iniciativa de paz, nenhuma tentativa de restabelecer as conversas de paz entre palestinos e israelenses, que possa existir sem o envolvimento dos EUA”.

A diplomata falou da “preocupação” da UE que é “compartilhada” com os próprios Estados Unidos e Israel de que “ninguém quer ver um governo americano desacreditado no que se refere às negociações no Oriente Médio”.

Não obstante, Mogherini pediu que os EUA não alimentassem a “ilusão” de que somente uma proposta sua pode ser bem-sucedida, uma vez que o processo deve ser “acompanhado” em nível internacional e regional.

Por outro lado, a diplomata italiana negou que a UE estaria preparando uma proposta alternativa à dos EUA, após os pedidos feitos hoje pelo ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Yves Le Drian, para que o bloco tomasse a iniciativa.

“Não pretendemos multiplicar iniciativas, mas desempenhar totalmente nosso papel, como sempre, como um poder determinado, racional, cooperativo, de confiança, previsível”, disse Mogherini.

“Não ouvi de ninguém e não somente na última semana, mas nas últimas décadas, nenhuma outra ideia que a de dois Estados para preservar a segurança israelense; os palestinos precisam ter seu próprio país, sua própria autoridade”, concluiu a alta representante da UE.

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