Venezuela está sob ‘emergência humanitária complexa’, diz ONG norte-americana

  • Por Jovem Pan
  • 04/04/2019 10h20
Daniel Teixeira/Estadão Conteúdo

A Venezuela está sob “emergência humanitária complexa”, segundo relatório divulgado nesta quinta-feira (4) pela ONG Human Rights Watch. O levantamento afirma que a combinação de grave escassez de alimentos e medicamentos colabora para a transmissão de doenças no país.

A ONG também acusa o ditador Nicolás Maduro de, não só ser ineficiente para conter essa crise, como também suprimiu informações sobre a dimensão e a urgência desses problemas.

Foram encontrados problemas como piora nos indicadores de mortalidade materna e infantil; dissemnição de doenças evitáveis por meio de vacinas, como sarampo; aumento na transmissão de doenças infecciosas como malária e tuberculose; e desnutrição infantil. Um relatório da ONU divulgado na semana passada, aponta que 3,7 milhões de venezuelanos estão desnutridos.

Por essas razões, a Human Rights Watch pediu à ONU que dê uma resposta contundente ao regime de Maduro. “As lideranças das Nações Unidas precisam fazer soar o alarme e supervisionar uma assistência de larga escala para a Venezuela”, disse Paul Spiegel, diretor da Johns Hopkins Center para Saúde Humanitária e professor do Departamento Internacional de Saúde na Bloomberg School. “Numa perspectiva técnica, a Venezuela está enfrentando uma complexa emergência humanitária”, afirmou ele. “Se o secretariado-geral da ONU não reconhecer isso oficialmente, a participação da ONU, que é necessária se dirigir para lá, provavelmente não vai ocorrer.”

“Não importa o quanto eles tentem, as autoridades venezuelanas não têm como esconder a realidade”, disse Shannon Doocy, Ph.D., professor de Saúde Internacional da Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health e um dos condutores da pesquisa. “O sistema de saúde da Venezuela está em completo colapso”, completou ele.

Ao longo de um ano de pesquisa, foram entrevistadas mais de 150 pessoas, incluindo profissionais de saúde, venezuelanos que estão à procura ou com dificuldades de encontrar medicamentos ou comida e que recentemente chegaram ao Brasil ou à Venezuela, além de representantes de organizações não governamentais, da ONU, e do Brasil e da Venezuela. Segundo a HRW, os pesquisadores também analisaram dados venezuelanos de fontes oficiais, hospitais, organizações nacionais e internacionais e organizações não governamentais.

A ONG disse, ainda, que as autoridades venezuelanas estão no seu direito de rejeitar certas ajudas humanitárias, mas que isso só aumenta a responsabilidade deles de trabalhar em cima de alternativas que possam dirigir as necessidades urgentes do país. Para os especialistas da organização, contudo, os esforços do regime Maduro falharam nisso até agora.

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