Na ONU, Venezuela propõe encontro entre Maduro e Trump para ‘evitar guerra’

  • Por Jovem Pan
  • 27/02/2019 12h31 - Atualizado em 27/02/2019 13h05
EFE "Vamos tentar o caminho do diálogo", afirmou o chanceler Jorge Arreza

O ministro das Relações Exteriores da Venezuela propôs na manhã desta quarta (27) que o presidente Donald Trump se reúna com o ditador Nicolás Maduro. A declaração foi feita na reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra.

“Vamos tentar o caminho do diálogo”, disse o chanceler Jorge Arreaza. “Diálogo inclusive com os Estados Unidos. Sim, por que não? Entre o presidente Maduro e o presidente Trump. Que se reúnam. Aí estão as diferenças, que se busquem as coincidências”.

Arreaza também pediu que as partes envolvidas na situação evitem uma guerra na região. “Temos que parar essa guerra. Espero que eu não venha aqui no ano que vem para falar sobre as vítimas de uma guerra contra o meu país, do sangue de venezuelanos e de marines americanos. A Venezuela sabe resistir, mas é a última coisa que queremos para nosso país”.

Assim que o venezuelano começou a discursar, cerca de 20 representantes de governos presentes na reunião abandonaram o salão. A ação foi coordenada previamente pelos países do chamado Grupo de Lima, que reconheceram o chefe do Parlamento venezuelano, Juan Guaidó, como presidente interino da Venezuela até que sejam realizadas novas eleições.

Arreaza aproveitou a fala para apontar o que chamou de “agressão” à Venezuela pelos EUA. “Já são R$30 bilhões bloqueados do nosso país no exterior. Os americanos não respeitam o Conselho de Segurança da ONU, nem o direito internacional. Já basta de tanta agressão.”

O chanceler também acusou o senador republicano Marco Rubio, aliado de Trump, de ameaças de morte contra Maduro através do Twitter. “Depois de publicar 40 vezes contra a Venezuela, Rubio colocou fotos do ditador Muammar Kadafi antes e depois de ser assassinado na Líbia. É uma ameaça de morte contra nosso presidente eleito. O que faz a ONU nesse caso?”, questionou.

Ajuda Humanitária

Na segunda (25), a chefe de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, condenou os episódios violentos nas fronteiras da Venezuela com a Colômbia e com o Brasil.

Jorge Arreaza aproveitou a fala desta quarta para convidar Bachellet a visitar o país e disse que o governo de Maduro tem usado “métodos de força progressiva” para conter manifestantes e “evitar tragédias”. Ele também negou que o governo tenha atacado ônibus e caminhões de ajuda humanitária que tentavam entrar na Venezuela.

Guaidó viajou à Colômbia na última sexta (22) para organizar trabalhos de ajuda humanitária vinda de países contrários a Maduro. O ditador, no entanto, mandou um recado para o presidente interino. ““Ele pode sair e voltar,  mas terá que dar explicações à justiça, porque foi proibido de deixar o país”, afirmou.

Grupo de Lima

Dez dos 14 países integrantes do Grupo de Lima indicaram, também na segunda (25), que a transição democrática venezuelana deve ser feita de forma pacífica pelo próprio povo, opondo-se a intervenções militares no país.

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