Parlamento ucraniano estende a mão ao leste russófono antes das eleições

  • Por Agencia EFE
  • 20/05/2014 18h55

Kiev, 20 mai (EFE).- A Rada Suprema (parlamento) da Ucrânia estendeu a mão nesta terça-feira ao leste pró-russo às vésperas das eleições presidenciais do domingo com as promessas de descentralização, anistia e fim da operação antiterrorista caso que os insurgentes deponham as armas.

O Memorando de Concordia e Paz, aprovado por 252 deputados propõe, entre outras coisas, uma profunda reforma constitucional, a adoção de uma lei sobre referendos e a concessão de status oficial à língua russa, informaram as televisões locais.

Se os grupos ilegais entregarem as armas, libertarem os reféns e desalojarem os edifícios administrativos, então a Rada pedirá as forças de segurança que garantam o retorno das tropas enviadas ao leste para os quartéis.

A anistia proposta pelos deputados beneficiaria todos aqueles que participaram de ações de protesto desde que entreguem voluntariamente as armas e desocupem os edifícios, praças e demais lugares públicos, com exceção daqueles que tiverem cometido crimes graves.

Quanto à língua russa, que é falada majoritariamente pelos moradores do leste da Ucrânia, a Rada se propõe garantir seu status, mas ressalta que a única língua oficial do estado é o ucraniano.

Os pró-russos exigem que o russo seja inserido na Constituição como segunda língua oficial, exigência que o Partido das Regiões, o mais votado no leste, e os comunistas apoiam.

Também se propõe ceder às regiões mais autonomia na gestão dos recursos financeiros através de uma justa distribuição dos orçamentos do Estado.

Mas por lado, pede que permitam serem realizadas eleições presidenciais “limpas, transparentes e democráticas”, e convida os ucranianos a participarem ativamente da votação e a defenderem “uma Ucrânia soberana, democrática e unida”.

A Rada também pediu para que os insurgentes parem de dificultar os preparativos para o pleito, em alusão a ocupação de colégios eleitorais nas regiões rebeldes de Donetsk e Lugansk, e ao sequestro dos censos de eleitores.

O apoio ao diálogo nas mesas-redondas de união nacional, que já se reuniram duas vezes, em Kiev e Kharkiv, e o respaldo aos Acordos de Genebra de 17 de abril também foram ressaltados pela Rada, embora não tenha mencionado o roteiro da OSCE, apoiado pela Rússia.

O parlamento também condenou atos de violência e o uso ilegal de armas que causaram nas últimas semanas assassinatos maciços e deu condolências às vítimas.

O documento não cita a morte de 48 pessoas nos distúrbios que aconteceram em 2 de maio na cidade de Odessa (Mar Negro), a maioria durante o incêndio da Casa dos Sindicatos.

No entanto, o líder da autoproclamada república popular de Donetsk, Denis Pushilin, não aceitou o memorando aprovado pela Rada e o tachou de “ação populista”, pois enquanto chama para o diálogo continua na ofensiva contra as fortificações pró-russas em Donetsk.

“O diálogo com aqueles que representam Kiev é impossível. Podemos falar só através de mediadores e unicamente sobre a troca de reféns e a retirada das tropas ocupantes de nosso território”, disse. EFE

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