“A música não é ‘minha vida é parar por esse País'”, canta Marun

  • Por Jovem Pan
  • 27/05/2018 17h09 - Atualizado em 27/05/2018 17h15
Wilson Dias/Agência Brasil Ministro Carlos Marun (foto) rebateu o governador Márcio França sobre protagonismo em eventual solução da crise: "Não é hora de achar que alguém salvou a Pátria", disse

Em entrevista à Jovem Pan na tarde deste domingo, o ministro da Secretaria de Governo Carlos Marun (MDB) fez novo apelo para que caminhoneiros em greve voltem a circular com as mercadorias para começar a dirimir a crise de abastecimento pelo País.

Marun reconheceu a horizontalidade da liderança da paralisação e que o governo conversou com “lideranças erradas”, mas afirma que o governo continua a “dialogar” com os caminhoneiros. O ministro se diz otimista para que a greve seja concluída até esta segunda (28). “Nós estamos realisticamente otimistas. Existe a perspectiva concreta de que esse movimento venha a se encerrar hoje (domingo), no máximo até amanhã (segunda)”, declarou.

Mesmo reconhecendo que houve “um diálogo (que) em certo momento não produziu os resultados esperados”, Marun defendeu a postura do governo Temer: “Nós atuamos e dialogamos de forma correta”, disse.

“O que não aconteceu ainda é a desmobilização do movimento. O que não aconteceu é a volta dos caminhoneiros ao trabalho. E é nesse sentido que estamos atuando”, afirmou o ministro. “Os senhores e senhoras caminhoneiros, que têm responsabilidade com as famílias brasileiras, retomem ao trabalho”, pediu Marun.

O ministro amenizou o tom dado neste sábado pelo Planalto, quando ele mesmo anunciou em coletiva que o governo federal aplicaria multas de R$ 100 mil por hora e pediria a prisão de empresários que apoiam a mobilização dos caminhoneiros. Ele diferenciou os donos de transportadoras, a quem o governo acusa de fazer locaute, dos caminhoneiros mobilizados. “Com os manifestantes que eu conversei ontem (neste sábado, 26, em São Paulo), eu estava conversando com trabalhadores”, disse.

Ao final da entrevista, Marun citou a música “A Vida de Viajante”, de Luiz Gonzaga, e cantou o refrão: “minha vida é andar por esse País”. E completou: “a música não é ‘minha vida é parar por esse País'”.

“Força do diálogo”

Marun também amenizou o emprego das forças armadas pelo governo federal para desobstruir as vias bloqueadas neste fim de semana. “Não existe uma repressão policial das forças armadas ao movimento. Existe uma garantia, para qual o governo usa sim seus dispositivos de forças federais, para que o abastecimento e a livre circulação se mantenha”, afirmou.

O ministros acusou “radicais” de “quase pedir que a Aeronáutica bombardeie os caminhoneiros” e perguntar: “cadê a força do governo?”

“A força deste governo é o diálogo”, disse Marun.

“Renovamos esse apelo. Estamos avançando muito bem. O governo sempre demonstrou respeito aos senhores e senhoras caminhoneiros”, disse. “Hoje (domingo) é o dia em que esse movimento trem que se encerrar. Os justos ganhos que os caminhoneiros tiveram já são uma realidade”.

Marun retruca França

O ministro também retrucou falas do governador de São Paulo Márcio França, com quem se reuniu no sábado (26). Em entrevista mais cedo à Jovem Pan, França disse que “o governo federal fez a negociação sem saber com quem estava fazendo”. O governador tentou assumir o protagonismo de uma eventual solução da crise.

“Tivemos uma iniciativa positiva do governador, que foi decidir pela não cobrança do eixo suspenso no retorno de caminhões vazios”, elogiou Marun. “Mesmo o terceiro eixo levantado estava sendo cobrado em algumas rodovias estaduais (de SP), situações que entendemos como injusta, até porque em rodovias federais nós já havíamos abolido isso”, afirmou o ministro, tentando retomar o protagonismo para o governo de Temer.

Marun criticou “esse tipo de proselitismo” de França. “Obviamente eu não aceito esse tipo de crítica e acho que não contribui nada nesse momento”, disse. “Não é hora de achar que alguém salvou a Pátria”.

“Muitos governadores estão atuando de forma firme. Outros não e parecem querer ver o circo pegar fogo”, disse Marun. O ministro colocou França no primeiro grupo.

Mas destacou: “começamos a dialogar bem antes do governador. No momento em que ele começou já estávamos dialogando há três dias com o movimento”

Ouça a entrevista completa:

 

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