Acusado de receber propina de Temer, Coronel Lima entrega atestado para não falar à PF

  • Por Jovem Pan
  • 05/02/2018 11h52
Marcos Corrêa/PR Temer é investigado por supostos recebimentos de propinas via coronel Lima, seu amigo antigo

O ex-coronel da PM João Baptista Lima, amigo do presidente Michel Temer (MDB), não prestou esclarecimentos à Polícia Federal (PF) em investigação sobre o decreto dos portos, que beneficiou empresas do setor. O coronel Lima é suspeito de receber propina em nome de Temer.

Na justificativa para o não comparecimento, a defesa de Lima apresentou cópia de atestado médico de novembro de 2017, do hospital Sírio Libanês, em São Paulo, que classifica seu estado de saúde como “muito delicado”.

“(O coronel Lima está) por determinações médicas, impossibilitado de prestar os esclarecimentos acerca dos temas objeto de inquérito em referência. Com risco de sujeição a novo AVC em decorrência de qualquer situação de stress a que possa ser submetido”, diz o documento revelado pelo blog de Andréia Sadi.

Outro atestado pede que o coronel Lima evite “situações de estresse emocional e esforços físicos, como exercícios e deslocamentos como viagens”.

As investigações

Recentemente, relatório da PF pediu a quebra dos sigilos fiscal e telefônico de Temer e de ministros do governo.

Os delegados argumentam que a quebra de sigilo se faz necessária para aprofundar as investigações sobre transações imobiliárias de João Baptista Lima, o coronel Lima, amigo de Temer, com offshores. Lima é acusado de ter recebido propina em nome do atual presidente da República.

A investigação foi aberta depois que interceptações telefônicas identificaram conversas suspeitas entre o ex-assessor de Temer Rodrigo Rocha Loures e um diretor da empresa Rodrimar, Ricardo Mesquita.

O relatório da PF aponta que o coronel Lima possuía em sua agenda no celular o telefone de José Yunes, ex-assessor e amigo de Temer, também suspeito de receber propina em nome do presidente. Relações entre Lima e Loures também são apuradas.

Na semana retrasada, o diretor-geral da PF disse à imprensa que foi anexado à investigação mais recente um inquérito antigo, dos anos 2000, que investigava o pagamento de uma “caixinha” de R$ 600 mil a Michel Temer também relacionado ao Porto de Santos.

O valor corresponderia a 7,5% dos contratos da Codesp (Companhia de Docas de São Paulo), empresa estatal que administra o porto de Santos.

A “caixinha” de dinheiro desviado seria dividida entre Temer, o então presidente da Codesp, Marcelo de Azeredo, e “um tal de Lima”, identificado como o coronel aposentado João Baptista Lima Filho, cujas associações ao emedebista também são apuradas na investigação mais recente.

“O presidente só pode ser investigado por atos cometidos durante o mandato. Porém, se forem encontrados pontos de ligação, estes servirão como base para a continuidade da investigação”, afirmou Segovia ao portal 360.

Outras acusações sobre o coronel

O coronel Lima é acusado de intermediar propinas a Temer. Uma empresa mostrou recibos de supostos repasses de propina atribuída ao presidente via seu amigo.

Em outro caso, delatores da J&F também disseram ter entregado R$ 1 milhão no escritório de Lima em São Paulo, valor destinado ao emedebista.

O coronel também usou uma offshore no Uruguai para comprar dois imóveis em São Paulo, diz a Polícia Federal.

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