Amoêdo votou em Bolsonaro, mas Novo será ‘independente’ e ‘vigilante’

  • Por Jovem Pan
  • 12/11/2018 09h54 - Atualizado em 12/11/2018 09h57
Estadão Conteúdo João Amoêdo João Amoêdo (Novo) votou em Jair Bolsonaro (PSL), mas seu partido será 'independente' e 'vigilante' na Câmara dos Deputados

O candidato derrotado à presidência da República João Amoêdo (Novo) afirmou que, embora tenha votado no presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), no segundo turno, seu partido terá uma postura “independente” e “vigilante” em relação ao novo governo.

Com apenas três anos de existência, o Novo conseguiu eleger oito deputados federais. “A gente vai ter uma postura independente. Obviamente, nas pautas que a gente entender que somos favoráveis, haverá um alinhamento”, disse Amoêdo em entrevista concedida ao UOL e divulgada nesta segunda-feira (12).

Segundo o empresário, uma das questoes às quais o Novo estará atento no governo de Bolsonaro é a “liberdade, a liberdade de expressão, a liberdade de imprensa”. Amoêdo, porém, não vê riscos. “Hoje, o Brasil tem uma democracia muito consolidada, com as instituições fortes e a população muito atenta. Acho que a população tem um nível de conscientização em relação à política, hoje, muito mais elevado. Não vejo risco nesse processo”, disse, mas ressaltando que é “sempre bom a gente estar vigilante”.

Questionado sobre o futuro governo, Amoêdo disse que ainda é muito cedo para avaliar, mas que gostou das primeiras indicações feitas pelo presidente. “Destaque para o Paulo Guedes e o juiz Sergio Moro“, apontou o empresário. “Agora, a gente tem que ver, na prática, como vai funcionar.”

“Entendo que o Paulo Guedes é muito preparado, e o Bolsonaro sempre disse que estaria delegando a ele o ponto de vista econômico”, avaliou Amoêdo. “É importante, agora, que ele cumpra essa linha, esse raciocínio que ele tinha feito lá atrás, de delegar a parte econômica e acreditar nas pessoas que ele está colocando como principais ministros”, prosseguiu.

Amoêdo disse, ainda, que não teve “nenhuma conversa” com Bolsonaro sobre assumir um cargo no governo federal. “A gente gostaria realmente de ter o Novo com uma independência. Para, de fato, apoias as ideias boas”, insistiu ele. “E contra as ideias ruins, a gente gostaria de estar muito vigilante em relação ao novo governo e ter essa postura de independência.”

O fundador do Novo também não deve ser indicado para nenhuma secretaria em Minas Gerais, onde o partido conquistou o governo estadual com a vitória de Romeu Zema. “A ideia vai ser só ficar numa posição mais de conselheiro, ajudando o Zema, mas sem, de fato, entrar na gestão do dia a dia”, disse na entrevista.

Segundo Amoêdo, o diretório nacional da sigla está ajudando na montagem da equipe de transição com o atual governador, Fernando Pimentel (PT). A primeira medida que será tomada por Zema, explicou o empresário, será a renegociação da dívida com o governo federal. “Isso permitira colocar os salários em dia”, afirmou.

O próximo passo seria fazer uma reestruturação para reduzir as despesas do estado. “E, na sequência do que vai ser feito no nível federal, uma reforma da Previdência, que também é bastante problemático e deixa um déficit elevado hoje”, analisou Amoêdo. Para ele, o governo de Minas “vai ser uma vitrine para o Novo”. “Um estado bastante relevante e numa situação financeira muito preária”, disse Amoêdo.

Nos próximos quatro anos, Amoêdo disse que pretende se dedicar e ajudar Zema no governo de Minas. “Quando saí candidato, era para atender uma demanda do partido, uma missão do partido. Não era um projeto pessoal”, respondeu. Ele afirmou, ainda, que pretende projetar espaço nas mídias sociais, para se colocar como uma pessoa “que está avaliando e sendo crítico, favorável quando for o caso ou levantando os problemas em relação ao governo, especialmente o federal.”

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