Bolsonaro diz que reagir à corrupção é “obrigação de qualquer civil ou militar”

  • Por Jovem Pan
  • 18/09/2017 12h22 - Atualizado em 18/09/2017 12h38
Tânia Rego/Agência Brasil Pré-candidato para o Planalto em 2018, Bolsonaro é notório defensor do regime militar e nega a existência de ditadura no período

O deputado federal e pré-candidato à Presidência Jair Bolsonaro escreveu nesta segunda-feira (18) que os militares devem reagir à corrupção.

“Não se faz democracia comprando votos e aceitando a corrupção por governabilidade. Reagir a isso é obrigação de qualquer civil ou MILITAR”, disse Bolsonaro em seu perfil no Twitter, destacando o “militar” em caixa alta.

A declaração ocorre três dias após o general do Exército da ativa Antonio Hamilton Martins Mourão defender a intervenção militar durante evento de loja maçônica. “Ou as instituições solucionam o problema político, pela ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos, ou então nós teremos que impor isso”, disse Mourão em vídeo que já havia sido compartilhado por Bolsonaro no domingo, com o simples comentário de: “General Mourão e os rumos do Brasil”.

A declaração de Mourão foi repudiada pelo alto escalão das Forças Armadas em Brasília. O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, foi enfático e disse que “não há qualquer possibilidade” de intervenção militar. Villas Bôas assumiu, porém, que ““internamente já foi conversado e o problema está superado”. O comandante disse que qualquer emprego de Forças Armadas será por iniciativa de um dos Poderes.

Ditadura e torturadores

Bolsonaro defende o governo da Ditadura Militar no Brasil de 1964 a 1985 e defende que não houve um regime totalitário no período em que o Congresso chegou a ser fechado, a imprensa era censurada, opositores presos e torturados e a eleição, indireta ou por indicação dos generais no poder.

O deputado chegou a defender torturadores da época no plenário da Câmara, inclusive na sessão de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que foi torturada na ditadura. Antes de dar seu voto a favor do impedimento, Bolsonaro disse, em abril do ano passado: “Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff’’

Declarado torturador pela Justiça e relacionado a ao menos 60 casos de mortes e desaparecimentos em São Paulo, Ustra chefiou o Doi-Codi, órgão de repressão do Exército em São Paulo, e foi apontado por dezenas de perseguidos políticos e familiares de vítimas do regime militar como responsável por perseguições, tortura e morte de opositores do Golpe de 64. Ele chegou a ser denunciado, mas morreu em 2015, aos 83 anos, sem ser julgado.

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