Contra hegemonia petista, PCdoB tenta montar bloco parlamentar com PSB e PDT na Câmara

  • 29/10/2018 20h52
Agência Brasil Marcos Oliveira/Agência Senado Deputado Orlando Silva tenta formar bloco sem o PT na Câmara

Aliado de Fernando Haddad (PT) na corrida presidencial encerrada com derrota no domingo (28), o PCdoB já articula a formação de um bloco com o PSB e o PDT de Ciro Gomes na Câmara dos Deputados. O movimento poderia somar 69 deputados federais, com potencial para competir com os 56 petistas na liderança da oposição a Jair Bolsonaro (PSL).

“O presidente é fake, mas precisamos de uma oposição de verdade. Isso não se dará se a esquerda seguir a lógica do hegemonismo. Erramos ao não construir uma frente antes e erraremos se não conseguirmos nos juntar agora”, afirmou o deputado Orlando Silva, líder do PCdoB na Câmara. A princípio, o bloco não incluiria o PT.

Ex-ministro do Esporte de Lula e Dilma Rousseff, Silva negou que estará contra o Partido dos Trabalhos e enfatizou que um partido não pode querer se sobrepor ao outro, pois esse seria o primeiro passo para a fragmentação do que ele chamou de “resistência” à gestão Bolsonaro. “Espero que o PT e o PSOL se somem a nós, porque os dias serão muito difíceis.”

O PCdoB é a sigla de Manuela d’Ávila, vice de Haddad. Comunistas avaliam que ela não teve destaque na campanha presidencial. A equipe de marketing a teria escondido para mostrar Ana Estela, esposa do então candidato. Sem tanta visibilidade, o partido não atingiu as metas da cláusula de barreira e agora investe em uma brecha jurídica para sobreviver.

“É zero a hipótese de fusão com PT, PSB ou PDT”, decretou Orlando Silva, acrescentando que a agenda do novo bloco parlamentar deve incluir a revisão de renúncias fiscais. Procurado, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, afirmou que não vai incorporar a “cara” de outro partido. “Não aceitaremos a hegemonia do PT nem de quem quer que seja.”

No PDT, Ciro Gomes já começou o processo de afastamento dos petistas. Sem conseguir lugar no segundo turno do pleito presidencial, ele saiu do país e voltou apenas na sexta-feira (26), sem declarar apoio a Haddad. Pelo partido, no Congresso, o deputado cearense André Figueiredo tem conversado sobre a formação do bloco com o PCdoB e o PSB.

Também cearense, o deputado José Guimarães – que é secretário de assuntos institucionais do PT – acredita que a centro-esquerda deve formar uma frente ampla de oposição a Bolsonaro e seu partido tem condições de liderar esse grupo. “Protagonismo não significa hegemonismo”, argumenta. “Temos de adotar um programa que pacifique a esquerda como protagonista da esperança.”

*Com informações do Estadão Conteúdo

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