Presidente do TRF4 nega ligação para evitar soltura de Lula

  • Por Thiago Navarro/Jovem Pan
  • 13/08/2018 15h29 - Atualizado em 13/08/2018 15h39
Sylvio Sirangelo/TRF4 Desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), que julgará Lula Thompson disse que atuou sempre dentro do ordenamento legal no caso do vaivém de liminares

O presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), desembargador Thompson Flores, negou nesta segunda-feira (13) que tenha ligado para o diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, para evitar a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do vaivém de liminares após o juiz plantonista Rogério Favreto decretar “habeas corpus” favorável ao petista.

Em entrevista dada ao jornal O Estado de S. Paulo neste fim de semana, Galloro afirmou que havia decidido que iria soltar Lula, mas uma sequência de ligações o fez mudar de ideia. O diretor da PF citou a procuradora-geral Raquel Dodge e o desembargador Thompson Flores.

Relembre o que disse Galloro:

“Diante das divergências, decidimos fazer a nossa interpretação. Concluímos que iríamos cumprir a decisão do plantonista do TRF-4 (Rogério Favreto). Falei para o ministro Raul Jungmann (Segurança Pública): ‘Ministro, nós vamos soltar’. Em seguida, a (procuradora-geral da República) Raquel Dodge me ligou e disse que estava protocolando no STJ (Superior Tribunal de Justiça) contra a soltura. ‘E agora?’ Depois foi o (presidente do TRF-4) Thompson (Flores) quem nos ligou. ‘Eu estou determinando, não soltem’. O telefonema dele veio antes de expirar uma hora. Valeu o telefonema.

Em nota oficial divulgada nesta segunda, Thompson negou ter dado qualquer ordem por telefone e disse que atuou de acordo com a lei.

“Thompson Flores esclarece que, por ocasião da análise do Conflito Positivo de Jurisdição nº 5025635-16.2018.4.04.0000, proposto pelo Ministério Público Federal (MPF) em regime de plantão no dia 8 de julho, informou à autoridade competente que despacharia nos minutos subsequentes, sem, em momento algum, dar alguma ordem por telefone”, diz a nota.

“A atuação do presidente do TRF4 nos autos do Conflito Positivo de Jurisdição observou o sistema legal pátrio, bem como o direito constitucional do devido processo legal”, garante Thompson.

Contra a letra da lei?

A mesma nota oficial do Tribunal rebate outra notícia publicada no fim de semana, em que a coluna Radar, da revista Veja, diz que o desembargador Gebran Neto teria dito “a amigos que ignorou a letra fria da lei ao dar decisão contrária à soltura de Lula”. O objetivo, diz a revista, teria sido “evitar um erro ainda mais danoso: libertar o petista”.

“O desembargador Gebran não autoriza ninguém a falar em seu nome, nem a imputar-lhe declaração sobre fatos objeto de julgamento. Além disso, suas manifestações como magistrado são nos autos do processo, proferindo decisões fundamentadas nos fatos e na lei, inclusive a decisão proferida no Habeas Corpus objeto da referida nota”, afirma a nota do TRF4.

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