PT busca novas alianças e tenta desfazer acordo entre Josué Gomes e PSDB

  • Por Estadão Conteúdo
  • 20/07/2018 18h02 - Atualizado em 20/07/2018 18h05
Jefferson Rudy/Agência Senado Gleisi disse que ouviu do próprio Josué a promessa de que ele não aceitaria ser candidato a vice de outro candidato se não o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva

Após conversar com o PCdoB para uma aliança na campanha presidencial, o PT fará uma nova investida tentando um acordo com o PSB na disputa. Durante reunião da Executiva nacional do partido, a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), afirmou que vai procurar novamente o PSB para uma conversa na semana que vem.

Em mais uma tentativa de atrair os pessebistas, o PT adiou para 2 de agosto os encontros estaduais que definiriam candidaturas em Estados como Pernambuco, Amazonas, Amapá, Paraíba, Maranhão, Tocantins e Rondônia. A ideia é aguardar a posição do PSB para se posicionar nesses lugares. Além do PCdoB e do PSB, o PROS também foi citado pela dirigente petista no pretenso arco de alianças.

Em outro aceno em direção ao PSB, Gleisi afirmou que o partido não fará um embate direto com o governador Márcio França (PSB), pré-candidato à reeleição em São Paulo. Ela negou, no entanto, um acordo para abrir mão da candidatura de Luiz Marinho na corrida estadual. “Nosso embate aqui é com o Doria e com o Skaf, com essas figuras. Se tivéssemos uma aliança com o PSB agora, a possibilidade de estarmos juntos no segundo turno (em São Paulo) seria muito grande.”

O PT pretende registrar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado na Lava Jato, no dia 15 de agosto. A escolha do vice, disse Gleisi, pode ocorrer tanto na convenção do partido, marcada para dia 4, como no dia do registro. A possibilidade de outro partido, em caso de aliança, indicar o nome para a vice de Lula é “muito grande”, reforçou Gleisi.

Já sobre o acordo entre o empresário Josué Gomes (PR) e o PSDB, para que ele componha a chapa de Geraldo Alckmin, Gleisi disse que ouviu do próprio Josué a promessa de que ele não aceitaria ser candidato a vice de outro candidato se não o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado pela Operação Lava Jato.

“A última vez que conversamos com o Josué ele disse para mim que seria vice de só uma pessoa, Luiz Inácio Lula da Silva”, disse Gleisi. Segundo ela, a conversa ocorreu cerca de um mês atrás. “Ele é do PR. O PR já definiu a aliança em que está”, completou a senadora.

Na segunda-feira (23), o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), deve se encontrar com o empresário para oferecer a vaga de vice na disputa pela reeleição no governo mineiro. Pimentel vai argumentar com Josué que vale mais a pena compor uma chapa estadual com chance de vitória, na visão do atual governador, do que uma coligação nacional para presidente que no melhor cenário das pesquisas de intenção de voto não ultrapassa 7%.

Plano de governo

Ao falar sobre o programa de governo do PT para a campanha presidencial, Gleisi afirmou que os pontos do plano do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado na Lava Jato, conversam “com o povo”, e não com o mercado financeiro.

“O nosso pressuposto é sempre ter responsabilidade fiscal com responsabilidade social. Nós já governamos o País. Todo mundo sabe como trabalhamos as contas públicas e nós temos que falar com o povo, e não com o mercado”, disse Gleisi.

Na área econômica, o plano propõe intensificar a oferta de “crédito barato” a famílias e empresas, fazer uma reforma tributária que promova justiça fiscal e revogar as medidas do governo Michel Temer, como as mudanças legislativas e as privatizações.

A líder petista afirmou que o programa “é um dos mais avançados” que o PT fez desde 1989. Pela primeira vez em um plano de governo, por exemplo, está a proposta de “redemocratização dos meios de comunicação de massa”, bandeira história de setores mais radicais do partido. Gleisi explicou que se trata de uma “regulação econômica” da mídia. “Na realidade, é uma proposta super liberal. Todos os países desenvolvidos regulam seus meios de comunicação, então não é novidade nenhuma, é regulação econômica.”

O programa ainda será detalhado até o próximo dia 26, quando a equipe coordenada pelo ex-prefeito Fernando Haddad deve finalizar a primeira versão do plano de governo com a coordenação de campanha.

Fake news

Ao comentar o fato de o PT não ter assinado o compromisso do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a disseminação de notícias falsas, as chamadas fake news, Gleisi disse que há um temor de que a fiscalização do TSE recaia sobre sites de notícias de esquerda. A informação sobre a ausência do PT no compromisso foi relevada pelo jornal Valor Econômico. “Queremos saber quais são as regras”, pontuou Gleisi, reiterando que o partido e ela sempre se colocaram contra fake news e são vítimas da disseminação de informações falsas.

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