“Quando rejeitam o diálogo e tentam parar o Brasil, exercemos autoridade”, diz Temer

  • Por Jovem Pan
  • 29/05/2018 10h02 - Atualizado em 29/05/2018 12h02
Antonio Cruz/Agência Brasil "A hora é de acreditar cada vez mais no nosso País", disse o presidente, que não se referiu diretamente à greve dos caminhoneiros

Durante abertura do Fórum de Investimentos Brasil, em São Paulo, nesta terça-feira (29), o presidente Michel Temer defendeu o “diálogo” em meio à greve dos caminhoneiros, que chega ao 9º dia e provoca uma crise de abastecimento no País.

No pronunciamento, Temer não se referiu diretamente à paralisação. Ele disse que “quando tentam parar o Brasil” o governo exerce “autoridade para preservar a ordem”. O emedebista sustentou, porém, que o “diálogo é fundamental, leve quanto tempo levar”.

“O diálogo é da própria essência da boa política e da democracia. É, aliás, a sua fortaleza. Quando alguns rejeitam o diálogo e tentam parar o Brasil, nós exercemos autoridade para preservar a ordem e os direitos à população. Mas antes disso o diálogo é fundamental, leve quanto tempo levar, porque isso é fundamental para o exercício que a Constituição determina, ou seja, a democracia plena no nosso País”, disse o presidente.

“O pão nosso de cada dia é falar e ouvir, é conversar sem preconceitos com todos os setores da sociedade: governadores, prefeitos, sindicalistas e empresários, brasileiros de todos os lugares e tendências políticas. A todos explicamos a proposta do governo e de todos colhemos ponderações e sugestões. Para nós, governar é isso: escutar, entender os problemas e apresentar caminhos”, afirmou Temer.

Em outro momento da fala, o presidente da República garantiu que o projeto do governo está “acima de interesses setoriais”. Parte do mercado questiona os benefícios concedidos pelo governo federal aos caminhoneiros, de redução de impostos e do preço dos combustíveis, que não desmobilizaram, porém, a greve.

“Nós temos um projeto de desenvolvimento que é para todas e promove o bem comum acima de interesses setoriais”, disse Temer, destacando a aprovação do teto dos gastos públicos e a reforma trabalhista. “Enfrentamos uma oposição aguerrida, mas respondemos com a força do argumento e o poder do diálogo”, afirmou.

“A hora é de acreditar cada vez mais no nosso País”, disse o presidente. No final do discurso, em que exaltou os dados econômicos do governo, sem citá-los no entanto, Temer pediu aos empresários que participam do evento em São Paulo: “estejam certos: investir no Brasil é ganhar”. Ainda não foi quantificado pelo governo ou pelo mercado o prejuízo para a economia da paralisação de diversos setores do País por mais de uma semana.

O presidente fez questão de mandar uma “mensagem de fundado otimismo”. “Nós vamos fechar o ano com mais crescimento econômico”, previu.

O governador de São Paulo Márcio França (PSB), o prefeito da capital Bruno Covas (PSDB), o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM) e o ministro da Fazenda Eduardo Guardia participariam do evento com os empresários, mas cancelaram a presença devido à greve dos caminhoneiros.

“Recolocamos o Brasil nos trilhos”

Apesar de ter retirado sua pré-candidatura à reeleição, Temer focou boa parte do discurso em elogiar a melhora em alguns indicadores econômicos de seu governo. Mas ressaltou: “nós estamos com as dificuldades naturais em um processo de crescimento sustentado e de retomada dos empregos”.

Temer garantiu, porém, nesta terça: “atingimos esse que era nosso objetivo número um: recolocar o País nos trilhos”.

Assista ao discurso de Temer:

Veja também comentários de Marco Antonio Villa, Joseval Peixoto e Denise Campos de Toledo sobre o pronunciamento do presidente:

Defesa do governo

Temer fez um histórico de seu governo e disse que resolveu o “descontrole das contas públicas”. Temer exaltou a redução da inflação.

“O primeiro passo era atacar a questão fiscal. Foi o que fizemos”, disse. “O descontrole das contas públicas comprometia o nosso presente e o nosso futuro”.

“A inflação alta pesava no bolso do trabalhador, nós revertemos esse quadro”, declarou também.

Reforma da Previdência e eleições

Temer afirmou também que a reforma da Previdência não saiu da pauta política do País e disse que ela deverá ser discutida no pleito eleitoral deste ano. “Não será possível escamotear os assuntos tidos como incômodos. A sociedade está muito bem informada sobre os reais problemas do País”, disse Temer, tentando resumir o que “os brasileiros vão querer”.

“Os brasileiros vão querer saber se os candidatos se comprometerão com o equilíbrio fiscal, ou aceitarão inflação alta e juros elevados”, disse o presidente. “Vão querer saber se os candidatos defendem abertura e modernidade ou o fechamento e o atraso de nosso País”.

“O povo sabe que é a responsabilidade que traz equilíbrio às contas, crescimentos, empregos. É a responsabilidade, inclusive, que viabiliza medidas sociais. O povo não quer saber de medidas sociais populistas”, afirmou.

Setor privado

Aos empresários, Temer enalteceu a importância do setor privado para a economia e defendeu as privatizações.

“O setor privado desempenha papel central no desenvolvimento. As empresas pequenas e grandes são os maiores geradores de empregos e oportunidades”, disse. “Estamos construindo um Estado eficiente que cria condições para que os empreendedores empreendam e criem oportunidades”.

O presidente lembrou que a Constituição Federal assegura o trabalho e livre iniciativa “como fundamentos do Estado brasileiro”.

Mercado global

Temer também defendeu a expansão das concessões e privatizações, a nova lei do pré-Sal e “uma crescente integração do nosso mercado aos mercados globais”.

O presidente disse que o acordo do Mercosul com a União Europeia está “entrando na reta final”.

Acompanhe em vídeo a cobertura especial da Jovem Pan da greve dos caminhoneiros:

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