Testemunha de Cunha, Lula chama Temer de “ingrato”

  • Por Estadão Conteúdo
  • 05/07/2017 09h44
Paulo Lopes/Estadão Conteúdo Lula disse não ter recebido qualquer pedido de Temer para que Moreira Franco fosse nomeado vice-presidente da Caixa

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prestou depoimento nesta terça-feira, 4, no Fórum de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, como testemunha de defesa do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no processo que acusa o peemedebista e o ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) de participarem de um esquema de corrupção na Caixa Econômica Federal.

O depoimento foi tomado, via videoconferência, pelo juiz federal de Brasília Vallisney de Souza Oliveira. A audiência durou menos de dez minutos. Nela, Lula disse que não recebeu qualquer pedido de Michel Temer para que o atual ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, fosse nomeado vice-presidente da Caixa Econômica Federal. Lula afirmou que a indicação teria sido do próprio PMDB e de toda a base aliada.

O ex-presidente ressaltou que a escolha “normalmente passava pelo ministro das Relações Institucionais, Ministério da Fazenda e Casa Civil”. Segundo ele, depois desse caminho, a nomeação era levada novamente à Presidência da República e, não havendo nada que desabonasse o escolhido, era confirmado. Além disso, Lula disse não se recordar de um suposto encontro em que Temer e Moreira, ainda em 2010, teriam agradecido a ele a nomeação e confiança. “Não agradeceram. Foram ingratos”, disse.

Liberação

No depoimento, Lula também afirmou desconhecer qualquer influência de Cunha na liberação de recursos do Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS) e uma preferência para projetos que fossem de interesse da Odebrecht. Ele também afirmou não saber de nenhuma irregularidade no financiamento do projeto do Porto Maravilha (revitalização da área portuária para a Olimpíada).

Cunha é suspeito de ter cobrado propina para liberar empréstimo com juros reduzidos por meio do FI-FGTS. Segundo a Polícia Federal, o fundo teria gerado cerca de R$ 20 milhões de propina para políticos – o deputado cassado, preso em Curitiba, está entre eles. Alves, ex-ministro do Turismo, que está preso em Natal, é réu na mesma ação penal.

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