Secretário-geral diz que “OEA não existe para tirar governos”

  • Por Agencia EFE
  • 21/03/2014 21h43

Washington, 21 mar (EFE).- O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, insistiu nesta sexta-feira que, dadas as “profundas divisões” na Venezuela, a única coisa que a organização pode fazer é fomentar o diálogo, e ressaltou que a instituição “não existe para pôr nem para tirar governos”.

Após uma longa sessão do Conselho Permanente da OEA, na qual a deputada opositora venezuelana María Corina Machado, convidada pelo Panamá, foi impedida de falar por mais de um minuto, Insulza ressaltou as limitações do organismo para atuar na Venezuela devido às divisões entre países.

“Espero que todos entendam que a OEA não pode fazer o trabalho que têm que fazer as pessoas em seu país, não existe nem para pôr nem para tirar governos, por isso que o que têm que fazer é buscar espaços onde os países possam dialogar”, disse Insulza a jornalistas ao término da sessão.

“As divisões persistem no interior do hemisfério a respeito deste tema, e isso torna muito difícil qualquer ação. A OEA pode ser eficiente se todos os países-membros ou a grande maioria estiver de acordo em uma determinada linha de conduta”, explicou.

Mas, acrescentou Insulza, “se existem as discussões que existem hoje dia, nem a OEA nem a Celac, nem a Unasul, nem nenhum organismo pode ser eficaz porque são organizações de Estados, não são supranacionais”.

De acordo com o titular da organização hemisférica, “a única coisa que pode unificar a ação (da OEA) é um chamado efetivo ao diálogo”, algo que “é muito difícil, mas não existe outro caminho”.

“Não vamos intervir na Venezuela (…), porque os países-membros não querem que se intervenha na Venezuela. E se os países-membros não querem, não há nenhuma forma com a qual a OEA possa fazê-lo. Eu me oporia, mas não vou fazê-lo quando a grande maioria dos países não querem essa intervenção”, comentou.

Perguntado teria preferido que Machado tivesse podido dar um discurso perante o Conselho Permanente, Insulza reconheceu que “nunca gostou deste costume dos países de oferecer sua cadeira a outros para que digam o que lhes pareça”.

No entanto, indicou que “se tinha sido permitido sempre antes” que outros atores falassem nos assentos dos embaixadores, “não sei por que não se podia permitir agora”. EFE

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