Solicitações de asilo em 2014 alcançam os números da guerra dos Bálcãs

  • Por Agencia EFE
  • 26/03/2015 02h53

Genebra, 26 mar (EFE).- As guerras na Síria e no Iraque e a deterioração da segurança em diversos países fizeram com que o número de solicitações de asilo aumentasse em 2014 até números não vistos desde a guerra dos Bálcãs, segundo um relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

O relatório “Tendências do Asilo 2014”, divulgado nesta quinta-feira, destaca que o número estimado de solicitações de asilo apresentadas em 44 países industrializados cresceu 45% no ano passado em relação a 2013.

Em números absolutos, foram registradas 866.000 solicitações, quando em 2013 foram 596.000.

Números como o de 2014 não eram computados desde 1992, no início do conflito na Bósnia-Herzegovina.

Os sírios foram, de longe, os que mais solicitações apresentaram no ano passado, com quase 150.000 reivindicações, um de cada cinco pedidos nos países industrializados.

Uma das principais explicações para este aumento é que muitos sírios que residiam como refugiados nos países vizinhos se deram conta que sua situação não era temporária e decidiram buscar outras saídas, explicou em entrevista coletiva Melissa Fleming, porta-voz do Acnur.

Consultada sobre a porcentagem de solicitações que são aprovadas, Fleming disse que no caso dos sírios entre 80% e 90% obtêm o sinal verde a seu pedido e recebem proteção internacional.

Já os iraquianos apresentaram 68.700 solicitações, quase o dobro das reivindicações registradas em 2013, e se situaram em segundo lugar no ranking do Acnur.

Os afegãos foram o terceiro maior grupo, com quase 60.000 solicitações, seguidos por sérvios, kosovares e eritreus.

Em relação aos países receptores, a Alemanha recebeu quase 173.000 solicitações, um quarto delas provenientes de cidadãos sírios.

Por sua vez, os Estados Unidos receberam 121.000 pedidos, a maioria de cidadãos mexicanos e centro-americanos.

“A grande maioria das solicitações provém de menores não acompanhados que tentam atravessar a fronteira e que fogem da violência em seus países”, especificou a porta-voz, que não deu mais dados a respeito.

A Turquia, que em meados de 2014 já acolhia 1,5 milhão de refugiados sírios, recebeu 87.800 solicitações, a maioria de iraquianos.

Já a Suécia se situou em quarto lugar, com 75.100 solicitações, especialmente de sírios e eritreus.

No entanto, com relação ao tamanho de sua população, a Suécia é o país com maior número de solicitações por habitante, 24,4 solicitantes por cada mil moradores.

A Itália registrou 63.700 pedidos, o maior número alcançado até o momento, a maioria provenientes de cidadãos do Mali, Nigéria e Gâmbia, porque a imensa maioria dos que chegam ao seu litoral prosseguem sua viagem a outros países europeus.

Estes cinco países receptores receberam 60% do total de solicitações.

Um caso à parte é a Federação Russa, que não está incluída no relatório por “razões metodológicas”, mas que recebeu 265.400 solicitações de asilo temporário, e 5.800 pedidos de refúgio de cidadãos ucranianos durante 2014.

Ao mesmo tempo, os 44 países que estão incluídos no relatório receberam 15.700 solicitações de cidadãos ucranianos em 2014, frente às 1.400 de 2013.

O Acnur lembra que os solicitantes de asilo nos países industrializados são apenas um elemento do deslocamento forçado internacional, dado que no final de 2013 havia 51,2 milhões de pessoas no mundo que tiveram que abandonar seu lar por causa de conflitos, perseguições, violência generalizada ou violações a seus direitos.

Deste total, 16,7 milhões eram refugiados e 33,3 milhões deslocados internos em seu próprio país. EFE

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