Suthep Thaugsuban, a “pedra no sapato” da família Shinawatra na Tailândia

  • Por Agencia EFE
  • 30/01/2014 15h37

Bangcoc, 30 jan (EFE).- Desde que em novembro deixou a cadeira no Parlamento, Suthep Thaugsuban não parou de se empenhar para expulsar do sistema político a família Shinawatra, a quem acusa de corromper o país.

Quase diariamente, este político de 64 anos, sobre quem pesam várias ordens de prisão, lidera manifestações pelas ruas e avenidas de Bangcoc para derrubar o que ele denomina de “regime Thaksin”, em referência ao ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, irmão mais velho da atual governante.

Suthep, à frente do chamado Comitê Popular para a Reforma Democrática (PDRC), assegura que o sistema político atual é manipulado para beneficiar os interesses do clã de Shinawatra e de seus aliados e rejeita energicamente a realização de eleições gerais.

Em seu lugar, o grupo antigovernamental propõe a criação de um conselho popular não eleito, formado por 400 membros, que empreenda uma série de medidas que eliminem a corrupção de todas as estruturas do país antes de realizar as eleições.

Para isso, Suthep exige a renúncia do governo interino e, com o poder vazio, invoca o artigo 3 da Constituição para que o rei da Tailândia, o octogenário Bhumibol Adulyadej, designe o próximo chefe do governo sem passar pelas urnas.

Procedente de uma família de fazendeiros da província de Surat Thani, a cerca de 500 quilômetros ao sul de Bangcoc, Suthep dedicou mais da metade de sua vida à política após entrar no Parlamento pelo Partido Democrata em 1979.

Secretário-geral deste partido desde 2005 e até a derrota nas eleições de 2011, Suthep desempenhou vários cargos, entre eles o de ministro de Transporte e o posto de vice-primeiro-ministro, durante os diversos períodos de governos democratas.

No entanto, o político tailandês reiterou que não quer chegar à chefia do governo e que uma vez alcançada a vitória, se retirará do cenário político.

Os escândalos de corrupção também mancharam a carreira de Suthep quando em 1995 foi acusado de beneficiar mais de uma dezena de família ricas com a cessão de várias propriedades dentro de uma reforma agrária que devia favorecer os fazendeiros da província de Phuket.

Este escândalo desencadeou a dissolução do Parlamento por parte do governo democrata de Chuan Leekpai para evitar uma moção de censura e a posterior derrota nas eleições gerais.

Em 2009, Suthep renunciou como legislador após ser acusado de violar a Constituição por possuir ações em uma empresa de comunicação que tinha recebido concessões governamentais.

Ainda está pendente a causa aberta que incrimina Suthep pela morte de quase uma centena de pessoas durante as manifestações dos chamados camisas vermelhas, seguidores de Thaksin, em maio de 2010.

Naquela época, o político era o encarregado de dirigir o departamento de emergência e autorizou a intervenção do exército contra o acampamento dos manifestantes.

Suthep também se viu obrigado a se desprender de várias de suas terras para poder custear sua “cruzada” popular.

Segundo os dados do movimento antigovernamental, desde que no último dia 13 começou o bloqueio de avenidas e ruas em Bangcoc, a despesa dos protestos disparou até os 10 milhões de bat diários (mais de US$ 300 mil).

O porta-voz do movimento antigovernamental e enteado de Suthep, Akanat Promphan, declarou que o “regime de Thaksin” foi o único inimigo que seu padrasto teve em mais de três décadas na política.

“Se não tiver êxito, então estou preparado para morrer no campo de batalha”, assegurou Suthep a seus seguidores em um de seus enérgicos discursos. EFE

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