Tailândia vai às urnas com cenário de protestos e boicote da oposição

  • Por Agencia EFE
  • 02/02/2014 12h08

Gaspar Ruiz-Canela.

Bangcoc, 2 fev (EFE).- A Tailândia realizou eleições antecipadas neste domingo em um cenário com boicote da oposição e protestos que impediram o voto em 42 de um total de 375 colégios eleitorais, principalmente em Bangcoc e nas províncias do sul do país.

A maioria do eleitorado, sobretudo no norte e nordeste, puderam exercer seu direito de voto, incluindo a primeira-ministra interina, Yingluck Shinawatra, que foi a seu colégio eleitoral da capital em meio a fortes medidas de segurança.

No distrito Din Deng, de Bangcoc, os manifestantes antigoverno cercaram um centro de votação e jogaram pedras e garrafas em direção a um grupo de cidadãos que queriam votar, como pôde observar a reportagem da Agência Efe.

“Só quero votar, é meu direito”, disse uma das pessoas que mostravam suas carteiras de identidade diante do olhar de policiais que não enfrentaram os manifestantes e por fim suspenderam a votação.

Visivelmente furiosos contra a Comissão Eleitoral, os frustrados eleitores entraram à força no local onde votariam e só se acalmaram quando a polícia habilitou mesas para que apresentassem suas denúncias e reivindicações.

Segundo o órgão eleitoral, manifestantes antigoverno impediram a votação em cinco circunscrições em Bangcoc e forçaram a suspensão do pleito em nove províncias do sul, onde impediram a disptribuição de cédulas e montagem das urnas.

A Comissão Eleitoral não vai divulgar os resultados das eleições até que seja realizado um pleito parcial para os eleitores que não puderam votar hoje e na votação antecipada do último domingo, também boicotada pelos manifestantes.

Até então, não haverá o número suficiente de eleitos para formar um novo parlamento, o que pode deixar o governo na situação de interino por vários meses.

Cerca de 48 milhões de tailandeses estavam convocados a votar nestas eleições nas quais concorreram mais de 50 partidos.

O Partido Democrata, a principal legenda de oposição que não ganhou eleições nas duas últimas décadas, não apresentou candidatos porque exigia reformas políticas.

A campanha e a votação transcorreram em um clima de tensão devido à violência ocorrida em protestos, nos quais pelo menos dez pessoas morreram e mais de 500 ficaram feridas desde novembro do ano passado.

Chuvit Kamolvisit, líder do partido independente Rak Thailand, foi atacado recentemente por um manifestante antigovernamental que foi rendido pelo próprio político e seus seguranças.

Ontem, sete pessoas, incluindo dois jornalistas, ficaram feridas em uma troca de tiros entre partidários e opositores do governo em um colégio eleitoral cercado por manifestantes contra o governo.

Desde outubro, os manifestantes realizaram grandes mobilizações, ocupado ministérios e acampado em várias avenidas da capital, embora seu número tenha diminuído nas últimas semanas.

O líder das manifestações, o ex-dirigente democrata Thusep Thaugsuban, exige a formação de um conselho não eleito que substitua o governo e faça uma reforma do sistema político que considera corrupto e a serviço dos interesses do ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, irmão de Yingluck.

Thaksin, deposto em 2006 por um golpe militar e condenado à revelia por corrupção, ganhou diretamente ou através de partidos afins todas as eleições gerais nos últimos 13 anos graças ao apoio da população rural do norte e nordeste do país, que se beneficiou de suas políticas sociais. EFE

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