Tratamento genético recupera a audição de ratos surdos

  • Por Agencia EFE
  • 08/07/2015 17h29

Redação Central, 8 jul (EFE).- Uma equipe internacional de cientistas conseguiu restaurar a audição de ratos que sofriam de um forma genética de surdez, o que pode abrir caminho a um tratamento para seres humanos com perda de audição devido a mutações genéticas.

O grupo formado por pesquisadores de Hospital Infantil de Boston, da Escola Médica de Harvard e da Escola Politécnica Federal de Lausanne publicou nesta quarta-feira o estudo na “Science Translational Medicine”.

“Nosso protocolo de tratamento genético ainda não está preparado para realizar testes clínicos, pois ainda temos que ajustá-lo um pouco, mas em um futuro próximo acreditamos que poderia ser desenvolvido para uso terapêutico em humanos”, explicou Jeffrey Holt, professor do Departamento de Otorrinolaringologia da Universidade de Boston.

Os pesquisadores acreditam que o início dos testes clínicos deste tratamento poderia acontecer dentro de cinco ou dez anos.

A ciência conhece mais de 70 genes que causam surdez quando sofrem mutação. Os pesquisadores se focaram no TCM1, responsável por uma das causas mais comuns de surdez genética (de 4% a 8% dos casos) e, além disso, que codifica uma proteína-chave na audição ao ajudar a transformar os sons em sinais elétricos que vão ao cérebro.

O grupo experimentou o tratamento com dois tipos de ratos. Um deles tinha o gene TCM1 eliminado e representa um bom modelo para as mutações recessivas desse gene em humanos. Crianças com duas cópias com mutação do TCM1 sofrem uma perda auditiva profunda, normalmente, a partir dos dois anos de idade. O outro tipo de rato tinha uma mutação específica do gene estudado (uma mudança em um aminoácido) e representa um bom modelo para a forma dominante de surdez relacionada ao TMC1. Ela provoca perda progressiva da audição entre os dez e os 15 anos.

Para administrar os genes saudáveis, os cientistas o inseriram em um vírus desenvolvido para isso, o AAV1, junto a um promotor – uma sequência genética que ativa o gene apenas em algumas células sensoriais localizadas no ouvido interno.

O tratamento genético no caso de surdez recessiva restaurou a capacidade das células de responder aos sons e a atividade auditiva no tronco encefálico, além de e recuperar a capacidade de ouvir do rato surdo, segundo os cientistas, a descoberta mais importe.

Para o caso da surdez dominante o tratamento foi feito com um gene relacionado, o TMC2, que funcionou em níveis celular e cerebral e teve “sucesso parcial” na recuperação da audição.

Os especialistas analisam agora vários tipos de AAV1 e de promotores para escolher a combinação que melhor funcione. Eles planejam otimizar o protocolo e fazer um acompanhamento do rato para comprovar que a audição será mantida. Até agora, já se passaram dois meses.

Os pesquisadores acreditam que outras formas de surdez genética também podem ser passiveis de tratamento com o mesmo tipo de tratamento genético. EFE

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