Zimbábue venderá animais selvagens para dedicar recursos à conservação

  • Por EFE
  • 04/05/2016 13h09
Zimbabwe Parks and Wildlife Man Cecil

Em uma tentativa no mínimo arrojada de lidar com a seca provocada pelo El Niño, que ameaça tanto as pessoas quanto os próprios animais no sudeste da África, o governo do Zimbábue anunciou que venderá parte de sua fauna selvagem para obter dinheiro para a conservação de suas reservas naturais.

A intenção da Autoridade de Gestão de Parques Nações do Zimbábue é a de invitar potenciais clientes a apresentarem ofertas para comprar animais selvagens (as espécies não foram determinadas ainda), mas a decisão foi duramente criticada por várias organizações conservacionistas.

Veteranos ativistas, como o diretor da Força Especial para a Conservação (ZCT), Johnny Rodrigues, denunciaram à Agência EFE que o projeto irá espoliar os recursos do país. “É fácil ver o que há por trás disto: a avareza e a corrupção de poucos caciques que vão ganhar um bom dinheiro, que certamente não se destinará à conservação das áreas”, afirmou Rodrigues.

Segundo o diretor, a China já teria feito uma oferta para comprar 130 elefantes e 50 leões, cujo preço ronda os US$ 40 mil por cabeça, o que não foi confirmado oficialmente. Em 2015, o Zimbábue vendeu 24 elefantes a um zoológico chinês apesar da oposição dos grupos conservacionistas.

Por enquanto, o único requisito imposto pelo governo de Harare aos possíveis compradores é que devem demonstrar que possuem terrenos e infraestrutura adequada para cuidar dos animais.

Isto significa, segundo Rodrigues, que a maioria dos espécimes será vendida a investidores internacionais, já que boa parte das 640 reservas privadas zimbabuanas são pequenas demais devido à lei de redistribuição de terras.

O ministro do Meio Ambiente do Zimbábue, Oppah Muchinguri, declarou, durante uma viagem oficial à China no começo do ano, que seu governo continuaria vendendo animais selvagens sempre que considerasse necessário.

A seca no país, que afeta milhões de pessoas e agravou a já frágil situação econômica do Zimbábue, também provocou uma escassez de água e grama em todos os parques nacionais, o que faz o governo e ONGs temerem reviver a situação de 1992, quando milhares de animais morreram por causa das questões climáticas

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