Com Lula na disputa, Dilma é pata manca

  • Por Jovem Pan
  • 10/02/2015 11h57

Reinaldo, então a Dilma vai pedir socorro a Lula?

Pois é… Eu já estava aqui a esfregar os dedos para escrever um texto em que apontaria um caminho para a presidente Dilma. Olá amigos e ouvintes da Jovem Pan!

No programa “Os Pingos nos Is” de ontem, até brinquei com aquela musiquinha de Leandro e Leonardo: “Dilma, liga pra mim, não liga pra ele”. Eu me referia precisamente a Lula. Hoje, ele é uma das peças que, nos bastidores, concorrem para solapar a credibilidade da presidente. Não custa lembrar: ele já autorizou que seu nome seja lançado para a disputa presidencial de 2018. Isso transforma Dilma, como afirmei ontem na VEJA.com numa pata manca.

E qual era a minha sugestão para Dilma, dado o desastre de opinião pública que já é o seu governo, sempre lembrando que há motivos para crer que a crise que ela enfrenta está só no começo e na sua fase mais amena? Simples: que ela pedisse a desfiliação do PT e se declarasse uma sem-partido. De tal sorte a crise que se avizinha é grave que a suprema mandatária, com os poderes quase imperiais de que dispõe um presidente no Brasil, deveria dizer, como Cazuza: “O meu partido, agora, é um coração partido”. E tentaria estabelecer uma agenda mínima para o país. Hoje, o PT é um armário muito difícil de carregar, com aquela pilha gigantesca de esqueletos. E muito mais coisa pode vir – e virá – por aí.

É inútil fazer de conta que Dilma está imune a uma denúncia por crime de responsabilidade. Sabem o que vai determinar a viabilidade disso? O tamanho e o ritmo da crise. Em vez de participar de convescotes petistas, em companhia de João Vaccari Neto, ela deveria se guardar. Deveria assumir o lugar que cabe aos magistrados em momentos como esse. Até aqui, as elites políticas do país, gostem dela ou não, podem até considerá-la omissa “no que se refere”, como ela diria, ao submundo petista. Mas poucos a veem como desonesta. A percepção do povo brasileiro, no entanto, começa a ser outra: 47% dos que responderam a pesquisa Datafolha lhe pespegaram essa pecha também.

Muito bem! Dilma deveria, então, se afastar de Lula e da marquetagem vigarista que garantiu a sua reeleição. Ninguém mais suporta aqueles truques. Está na cara que eles eram mentirosos. Desta feita, não terá farrinha de consumo para mitigar a roubalheira. Mas Dilma, a estar certa reportagem da Folha, vai fazer justamente o contrário: ela decidiu pedir socorro a Lula e ao marqueteiro João Santana.

Os lulistas espalham a lorota de que parte das dificuldades enfrentadas pela soberana se deve ao fato de que ela e Lula andam meio afastados, o que estaria deixando o Babalorixá de Banânia irritado. Sabem como é… O homem acredita que dar um truque no povo brasileiro é fácil. Ele vem fazendo isso há muitos anos, com sucesso. Vejam o esquema vigente na Petrobras, envolvendo empreiteiras – e por que seria diferente nos demais setores do governo? Tudo isso estava em curso enquanto Lula discursava contra as elites, contra o capital, contra o empresariado, contra os ricos… Se há pessoa “nestepaiz” que nunca perdeu nem poder nem dinheiro apostando na ignorância e na credencie alheias, essa pessoa é Luiz Inácio Lula da Silva.

Dilma sabe que é refém daquela máquina e ensaiou alguns passos de independência. Parece que se julga fraca para enfrentá-la e decide, agora, se render. Lula lançou a sua candidatura para 2018 porque quer assustar Dilma e tomar de volta o governo já em 2015, no berro.

Se Dilma ligasse pra mim, ela dava a volta por cima; declarava a sua independência; enfrentaria a máquina; passaria por turbulências, mas teria alguma chance de ver robustecer a sua biografia. A se confirmar a notícia da Folha – e ela me parece, em princípio, verossímil -, a presidente vai se conformar com o papel de boneco de mamulengo. Eis o PT: essa gente não dá a menor bola para o país. Hoje, a companheirada está empenhada em garantir o poder da máquina e resolveu engolfar a presidente em sua sanha.

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