Decisão do Senado foi uma demonstração de corporativismo previsível

  • Por Jovem Pan
  • 17/10/2017 20h57
Wilson Dias/Agência Brasil Senador Aécio Neves (PSDB-MG) ainda será julgado pelas denúncias da PGR e certamente sairá com a imagem política arranhada

O resultado da votação no Senado Federal, que derrubou por 44 votos a 26, a decisão do Supremo Tribunal Federal de afastar Aécio Neves do cargo, foi previsível. O que se julgou foi a questão processual. Se o STF poderia ou não aplicar as medidas cautelares que impôs a Aécio, que foram basicamente duas: o recolhimento noturno e o mais grave que foi o afastamento do mandato. Isso que foi recusado pela maioria dos senadores.

Mas o problema político e criminal continua do mesmo tamanho. Aécio ainda terá que ser julgado pelo Supremo, em companhia de vários outros congressistas, deputados ou senadores, pelas denúncias da Procuradoria-Geral da República (PGR). E se aceitas pelo Supremo levarão ao julgamento. E ai teremos o resultado. Se ele será condenado ou não, exatamente como ocorreu no mensalão.

Os estragos feitos na imagem de Aécio Neves já lhe custaram qualquer chance de candidatar-se à presidência novamente e até mesmo a possibilidade de continuar no Senado. Se tanto, ele se elegerá deputado. Se puder ser candidato.

Na verdade, o que aconteceu foi uma demonstração de corporativismo previsível. Os senadores se defenderam porque entre eles (os votantes) há vários que passarão pela mesma situação ou por situações mais graves. Talvez não sofram nenhuma punição cautelar como foi o caso do Aécio. Mas, por exemplo, a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), estava entre os ausentes por que? Ela disse que estava em missão especial na Rússia, mas na verdade se poupou de votar contra o Aécio porque o Aécio poderá votar contra ela eventualmente.

Há vários senadores que serão julgados pelo Supremo. Certamente alguns serão condenados e isso também terá que ser examinado pelo Plenário do Senado.  Enfim, Aécio se livrou provisoriamente dos problemas que o envergonhavam, mas a situação política contínua grave e a liberdade sob ameaça.

 

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