A desesperança na Venezuela

  • Por Jovem Pan
  • 01/09/2017 10h17
EFE Maduro também continua muito impopular, com taxa de desaprovação de 80%

A nossa torcida pela derrota do pior é um desafio para o nosso labor analítico. Alguns casos escancarados no meu trabalho jornalístico são Bashar Assad e Donald Trump. Ambos entortaram minhas ferramentas analíticas. O genocida sírio segue no poder e o grosseiro demagogo da Quinta Avenida é presidente americano.

Meu novo desafio é a Venezuela, onde obviamente torço pelo fim de Nicolás Maduro e para breve. A realidade se mostra mais complexa, ilustrada por uma reportagem do Wall Street Journal com o título “A esperança se foi na Venezuela”.

E o jornal trilha o caminho da desesperança com Wuilly Arteaga, o jovem violinista que se tornou o símbolo dos protestos contra o chavismo, tocando hinos patrióticos nas ruas diante da repressão das forças de segurança.

O rapaz de 23 anos foi espancado e preso. Ao ser libertado depois de três semanas, ele confessou ao jornal estar espantado que os protestos de rua tenham morrido e que Maduro tenha o controle da situação. A expressão “a esperança se foi” é do próprio Arteaga.

As barricadas dos manifestantes na praça Altamira em Caracas foram desmontadas, assim como dissipados os rumores de um levante militar contra Maduro. O que continua na Venezuela é a carestia.

Obviamente, Maduro também continua muito impopular, com taxa de desaprovação de 80%. No entanto, o ditador enfrenta poucos desafios a curto prazo, após a dura repressão que custou 125 vidas nos últimos cinco meses, e a implantação, em meio à condenação internacional,  de uma assembleia constituinte que é uma espécie de soviete chavista.

A oposição se mantém unida, apesar do seu vasto espectro que vai da direita a setores dissidentes do chavismo. No entanto, vários dos seus líderes precisaram fugir da Venezuela, inclusive a ex-procuradora geral Luisa Ortega.

O soviete chavista travestido de assembléia constituinte removeu os poderes do Congresso controlado pela oposição e o novo procurador-geral investiga líderes da oposição por supostos crimes de traição.

A situação econômica se deteriora; a situação é um misto de desespero e de desesperança; Maduro dá uma banana a sanções internacionais e está difícil vislumbrar o povo tão cedo nas ruas para protestar com vigor.

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