Cenas de devastação têm sido, infelizmente, cartão-postal de Houston

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan
  • 29/08/2017 10h57
Agência EFE A grande Houston, com mais de seis milhões de habitantes na área metropolitana, tornou-se Dunquerque, com os barcos de voluntários

As cenas de devastação e inundação provocadas pela passagem do furacão Harvey infelizmente têm sido o cartão-postal de apresentação de Houston a muitos brasileiros.

Muitos vagamente sabem que a cidade é grande e está relacionada a petróleo. Sim, é a quarta cidade americana e capital da indústria petrolífera e de gás.

Por estes dias, Houston está mais para Dunquerque. Lembram-se do filme ou da história da cidade francesa no começo da Segunda Guerra Mundial quando uma frota de barcos de voluntários resgatou as tropas britânicas da praia?

A grande Houston, com mais de seis milhões de habitantes na área metropolitana, tornou-se Dunquerque, com os barcos de voluntários, pois antes teve sua transformação em Veneza (ou a bela San Antonio, ali no Texas), onde vias expressas se converteram em canais.

Com o furacão, a cara de Houston mudou, mas cuidado com as imagens estereotipadas em geral. Houston é vibrante e cosmopolita, mais de 100 línguas são faladas na cidade. É o mais diversificado centro urbano dos EUA em termos étnicos e raciais. Perde somente para Nova York como quartel-general de empresas da lista Fortune 500.

O Texas pode ser um estado ainda republicano (há 30 anos não elege senador democrata), mas a demografia muda rapidamente (40% da população é latina) e suas grandes cidades estão nas mãos dos democratas (Houston há 30 anos).

Seu prefeito Sylvester Turner é negro e, antes dele, Houston era governada por Annise Parker, a primeira lésbica assumida à frente de uma grande cidade americana.

O contraste com lideranças municipais mais liberais está no governo estadual. Greg Abott, o governador texano, é um conservador barra pesada, que, assim como o conhecido senador Ted Cruz, adora travar guerras culturais para que o Texas não se transforme em filial de Sodoma e Gomorra.

A ferocidade política no estado felizmente está abafada momentaneamente pelo impacto da tragédia natural e vemos a todo momento cenas de generosidade e a solidariedade de todo o país e também do exterior.

O tal do muro de Donald Trump não está de pé e em meio à passagem do furacão Harvey, ele teve um momento laranja e tuitou que o México vai pagar pela obra. No entanto, aquele país vizinho, atulhado de estupradores e criminosos, nos alertas racistas do presidente americano, ofereceu ajuda ao Texas.

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