No espetáculo de Donald Trump, não pode faltar tuitadas

  • Por Jovem Pan
  • 07/01/2017 13h17
EFE Donald Trump - EFE

Luz, câmera, ação…e tuíte. No espetáculo Trump, não pode faltar as tuitadas. São obrigatórias. Como outros jornalistas, eu já prometi me controlar e adotei um mandamento: não tuitarás cada vez que Donald Trump tuitar, mas o homem é movido a tuítes, não dá para ignorar. Esta é a realidade política.

Houve uma aposta de que Trump faria a transição de candidato a presidente-eleito e iria se comportar. Aposta perdida. Agora é melhor não apostar em mudança de comportamento quando ele assumir o cargo em menos de duas semanas, em 20 de janeiro.

A gente nunca sabe o que vai ser disparado pelo tuiteiro-chefe. Um dia, pode ser uma bronca nos executivos da indústria automobilística ou uma advertência ao maluco atômico norte-coreano Kim Jong-un. Em outro dia, um chororô sobre uma crítica negativa a um restaurante em alguma Trump Tower. As prioridades tuitais de Donald Trump são elásticas.

O fato é que estamos em uma situação bizarra de que um tuíte dele mexe com os mercados. Um dia vai ser publicado o livro com o título 140 Caracteres que Abalaram o Mundo. Esta semana foi incrível ver o poder do tuíte presidencial. Trump reclamou de uma decisão dos republicanos na Câmara dos Deputados para enfraquecer um órgão de fiscalização ética e suas excelências arregaram. A força está com o tuíte.

Não existe método, mas Trump gosta de tuitar logo cedo ou bem tarde, em parte por estar sincronizado com os noticiários de televisão. Como se sabe, Trump não leva a sério sequer a comunidade de inteligência e não é chegado na leitura. Suas avaliações são baseadas nos palpites e balbúrdia nas emissoras de noticiário contínuo como CNN e Fox News.

De fato, é uma simbiose aterradora. As TVs passam dia e noite falando de Trump e ele as acompanha dia e noite. Acabam se alimentando. O nível de atenção de Trump é muito limitado, assim como sua capacidade para elaborar ideias. Ele é o garoto-propaganda ideal para a Era do Twitter e olha que as tuitadas devem ser por telefone, pois o quase líder do mundo livre não usa computador.

Na verdade, está na hora de Trump se modernizar, não para o computador, mas para o Snapchat. David Brooks, do New York Times, escreveu que as declarações do presidente eleito são dignas do Snapchat. Elas existem para ganhar atenção no momento, mas então desaparecem. O fato, porém, é que o impacto de um tuíte de Trump persiste. Estamos entuítados.

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