O Churchill do Twitter e o prefeito de Londres

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan Nova Iorque
  • 07/06/2017 09h58
FA23 LONDRES (REINO UNIDO), 05/06/2017.- El alcalde de Londres, Sadiq Khan (d), y la comisaria de la Policía Metropolitana de Londres (Met), Cressida Dick, ofrecen una rueda de prensa en la zona del puente de Londres y el mercado de Borough después del ataque que dejó el sábado siete muertos y 48 heridos en la capital británica, hoy, 5 de junio de 2017. Las fuerzas del orden británicas han frustrado 18 complots terroristas desde 2013 en el Reino Unido y han detenido un promedio de una persona por día, señaló hoy Cressida Dick. EFE/FACUNDO ARRIZABALAGA EFE/Facundo Arrizabalaga Prefeito de Londres Sadiq Khan

Donald Trump tem esta capacidade para ser um unificador. Ele obrigou mesmo os adversários do prefeito de Londres, Sadiq Khan, a sairem em sua defesa.

Trump com sua oratória se considera uma espécie de Churchill do Twitter e foi à carga contra o prefeito muçulmano de Londres quando a cidade é vítima do terror islâmico.

O Churchill do Twitter como de hábito mentiu, distorcendo as palavras de Khan. O prefeito disse que os londrinos não deveriam ficar alarmados pela crescente presença policial nas ruas. O Churchill de Mar-a-Lago tuitou que o prefeito dissera que “não havia razão para alarme”.

É intrigante, à primeira vista, a atitude de Trump. E ele dobrou a aposta na calúnia. Não deu outra: a primeira-ministra conservadora Theresa May elogiou o trabalho de Khan e seu antecessor na prefeitura, o atual ministro das Relações Exteriores, Boris Johnson, fez a mesma coisa.

O que mais eles poderiam ter feito? O Churchill de Mar-a-Lago atacou o prefeito da cidade atacada pelo terror, dizendo que ele é “patético”. Nenhuma surpresa que cresçam os clamores para que o presidente cancele a visita a Londres que ele gostaria de fazer ainda este ano.

Trump é narcisista. Tudo gira em torno dele. Khan despreza o presidente (nenhum pecado aqui) e já desferiu vários ataques a Trump, ainda quando era candidato. Logo, é natural para Trump agir grosseiramente quando a única atitude elegante nesta horas é cerrar fileiras com os londrinos, a começar pelo seu prefeito.
Alem do narcisismo de Trump, existe um ponto mais abrangente. Sadiq Khan, filho de paquistaneses, é tudo o que Trump abomina. Ele chefia uma cidade multicultural, diversificada e global. Trump é o campeão do populismo nacionalista, vibrou com o Brexit e quer fechar as fronteiras para muçulmanos, perdão, para pessoas de países perigosos, para não soar islamofóbico.

Para Trump, cidades como Londres, Paris e Bruxelas são pocilgas, buracos do inferno, por acolherem gente de todas as partes do mundo, aliás como a Nova York na qual ele nasceu e vivia até assumir a presidência.

Sadiq Khan é o primeiro prefeito muçulmano de. uma metrópole ocidental global. Trump bate na tecla de que o prefeito é mole com o terror jihadista, que é mentira, e personifica o crescente perigo da presença muçulmana no Ocidente.

Na oratória do Churchill do Twitter, gente como Sadiq Khan deve ser combatida nas praias, nos campos, nas colinas e nas grandes cidades do Ocidente.

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