Ciro se enrola em suas próprias declarações
Ciro Gomes costuma dizer que não é candidato a ditador. Mas solta declaração atrás de declaração que desmente a si próprio. O presidenciável do PDT já disse que receberia a turma de Sergio Moro na bala se fosse decretada sua prisão;
Já cogitou sequestrar Lula e levá-lo para uma embaixada a fim de impedir a prisão do chefão petista;
Já xingou de “filho da puta” o promotor de Justiça, que, na verdade, é uma promotora, responsável pela investigação dele por injúria racial contra o vereador negro Fernando Holiday, do DEM de São Paulo, que Ciro chamou de “capitãozinho do mato”.
Já declarou que a promotora deve gastar o restinho das atribuições dela porque, se ele for presidente, essa mamata vai acabar. Como se não bastasse, Ciro afirmou agora que Lula “só tem chance de sair da cadeia se a gente assumir o poder e organizar a carga”. E ainda acrescentou:
“Botar juiz para voltar para a caixinha dele, botar o Ministério Público para voltar para a caixinha dele e restaurar a autoridade do poder político.”
José Robalinho Cavalcanti, presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), condenou a declaração do candidato a ditador.
“Todos sabem, e o Ciro também, que não cabe ao presidente da República botar ninguém em caixinha. Simplesmente porque não existe essa possibilidade: Ministério Público e Judiciário já trabalham dentro da caixinha da Constituição.”
Para Cavalcanti, fica claro que o candidato do PDT se incomoda com “a independência do trabalho dessas instituições”.
O corregedor nacional de Justiça, ministro João Otávio de Noronha, que assumirá a presidência do STJ no final de agosto, também condenou as declarações de Ciro. “Qualquer pessoa que cumpra pena no Brasil é um preso do Estado e não de governo.”
Cavalcanti e Noronha estão certos, claro.
O nome disso que Ciro sugeriu fazer com Judiciário e Ministério Público é ditadura do Executivo. Parece que a perda do apoio do Centrão para a campanha de Geraldo Alckmin subiu à cabeça do pedetista, que agora acena à militância de extrema-esquerda.
O pior é que, ao tentar se explicar, Ciro alegou que o termo caixinha foi uma figura de linguagem usada para explicar que eles “não podem se meter em tudo”.
Ora, Ciro. Na condenação e na prisão de corruptos e lavadores de dinheiro, eles têm mais é que se meter sempre.
Mesmo que os criminosos, como Lula, sejam camaradas de qualquer candidatinho a ditador.
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