Entre dois vexames, é próprio do petismo escolher sempre o maior

  • Por Felipe Moura Brasil/Jovem Pan
  • 07/05/2018 09h00
EFE/Antonio Lacerda O PT ainda tem esperança de que a narrativa do golpe contra a volta ao Palácio do Planalto do líder das pesquisas de primeiro turno tenha peso

A direção do PT interditou qualquer debate interno sobre um plano B para a disputa eleitoral de outubro.

A ordem, dada pela ré novamente denunciada Gleisi Hoffmann, é insistir que Lula será o candidato do partido à presidência da República.

Qualquer um que cogite uma alternativa ao presidiário de Curitiba é chamado de “traidor de Lula”.

O PT ainda tem esperança de que a narrativa do golpe contra a volta ao Palácio do Planalto do líder das pesquisas de primeiro turno tenha peso em três tipos de votos:

– O de ministros do STF, para tirar Lula da cadeia;

– O de ministros do TSE, para aceitar o registro da candidatura do inelegível corrupto e lavador de dinheiro;

– E o do eleitorado petista no líder da seita, ou – mas não se pode falar agora – em quem ele indicar em cima da hora, com a suposta força que esse plano A acumular até lá.

O ex-prefeito petista Fernando Haddad atingiu apenas 2,7% na última pesquisa do Instituto Paraná, de modo que ninguém acredita muito que Lula, de dentro da cadeia, sem palanque, conseguirá transferir votos suficientes a ele.

Restaria ao PT apoiar Marina Silva, que apareceu com 12 pontos, Joaquim Barbosa, 11, ou Ciro Gomes, 9,7.

Se o PT não quiser engolir Marina, que apoiou Aécio Neves no segundo turno de 2014 contra Dilma Rousseff, nem Joaquim Barbosa, que ajudou a prender parte da cúpula petista no mensalão, restaria então Ciro.

Pouca gente se lembra, no entanto, mas houve um tempo em que Ciro exaltava Aécio e o PSDB.

Ciro disse: “Por quê? Porque o PSDB, todo mundo tem que reconhecer, é um partido acima da média: de decência, de visão política, de visão doutrinária. É um partido de gente boa, por regra. E o Aécio encerra isto, faz uma sucessão presidencial em que todos nos trataremos bem, pessoalmente; não haverá jogadas clandestinas, dossiês; não haverá aloprado; não haverá montanha de dinheiro apreendida, para destruir um candidato na véspera. Haverá um debate sobre o futuro do país que, não destruindo um ao outro, permitirá amanhã, um encontro entre os homens e mulheres de bem, para tanger o futuro do país, diminuindo ao máximo a importância desse setor atrasado, antigo, fisiológico. É tão importante a presença do Aécio, por conta dessas razões todas, no processo, que a necessidade da minha candidatura diminui.”

Pois é. Entre insistir na candidatura de um criminoso e apoiar algum dos candidatos que já se voltaram contra o partido, o PT por enquanto fica com a primeira opção.

Entre dois vexames, é próprio do petismo escolher sempre o maior.

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