Felipe Moura Brasil: Comportamentos de Lewandowski no avião e no STF são vergonhosos

  • Por Felipe Moura Brasil/Jovem Pan
  • 05/12/2018 09h00
Fotos Públicas Ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal Para Lewandowski, pelo visto, chamar o Supremo de vergonha – vocalizando, decerto, o pensamento de milhões de brasileiros – pode ter virado injúria

É até difícil apontar qual foi o comportamento mais abominável do ministro Ricardo Lewandowski ontem:

– se foi chamar a Polícia Federal após ameaçar de prisão o passageiro Cristiano Acioli, de 39 anos, por ter-lhe dito no avião que o STF é uma vergonha;

– ou se foi endossar o pedido da defesa de Lula para adiar o julgamento de liberdade do petista, levando-o ao plenário juntamente com outro pedido de habeas corpus.

No primeiro caso, Lewandowski – que podia recorrer aos comissários para apontar uma abordagem inconveniente, se tanto – preferiu dar uma ‘carteirada’ para intimidar um inocente, que havia lhe dirigido apenas uma crítica genérica à Corte em que atua.

No segundo caso, o ministro tentou evitar a derrota do criminoso que o indicou ao cargo que ocupa.

Lewandowski não conseguiu apoio suficiente na Segunda Turma do STF para o adiamento, mas, quando o placar estava em 2 a 0 contra a liberdade de Lula, com os votos do relator Luiz Edson Fachin e da ministra Cármen Lúcia, que não viram qualquer motivo para a suspeição de Sergio Moro, Gilmar Mendes colocou em prática uma espécie de plano B, pedindo vista e suspendendo o julgamento.

Com isso, Gilmar deu tempo para que o corregedor Humberto Martins leve a termo no Conselho Nacional de Justiça, no próximo dia 11, mesmo após a exoneração de Sergio Moro, os processos administrativos abertos contra o ex-juiz da Lava Jato.

O próprio Lewandowski havia afirmado, em tom de preocupação, que qualquer decisão da Segunda Turma poderia influenciar ou desautorizar o julgamento do CNJ.

Os defensores de Lula e detratores da Lava Jato, obviamente, têm especial interesse em deixar correr um julgamento que sirva de palanque político para desgastar Moro.

Já o futuro ministro da Justiça, quando questionado sobre o pedido de habeas corpus do petista, limitou-se a responder, sem alimentar a polarização desejada pelo PT:

 “A questão relativa ao ex-presidente Lula pertence à Justiça, não ao futuro ministério. Isso faz parte do meu passado. Não tenho nenhum comentário a fazer a esse respeito.”

É uma resposta bem mais madura e intelectualmente honesta que a de Lewandowski sobre o episódio do avião. O ministro informou por sua assessoria que ao presenciar ato de injúria ao STF, sentiu-se no dever funcional de proteger a instituição, acionando a autoridade policial para que apurasse eventual prática de ato ilícito, nos termos da lei.

Para Lewandowski, pelo visto, chamar o Supremo de vergonha – vocalizando, decerto, o pensamento de milhões de brasileiros – pode ter virado injúria.

Não sei se serei preso por dizer isso, mas esses comportamentos de Lewandowski ontem, como de costume, foram vergonhosos.

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