Felipe Moura Brasil: Haddad se faz de pacificador contra Bolsonaro

  • Por Felipe Moura Brasil/Jovem Pan
  • 19/09/2018 09h25 - Atualizado em 19/09/2018 09h26
Cassiano Rosário/Estadão Conteúdo Haddad vai fazendo um movimento em direção ao centro para tentar diminuir a rejeição ao petismo hoje encarnada por Bolsonaro

Fernando Haddad cresceu 11 pontos no Ibope desde que assumiu em 11 de setembro a cabeça da chapa do PT no lugar de Lula.

Bastou uma semana para que o eleitorado do presidiário inelegível levasse Haddad a ultrapassar com folga a sempre desidratada Marina Silva, o tucano que perdeu o voto antipetista Geraldo Alckmin e o aliado do PT Ciro Gomes, atingindo 19% de intenções de voto e ficando atrás apenas de Jair Bolsonaro, que lidera com 28%.

Na projeção de segundo turno, Bolsonaro e Haddad empatam em 40%.

Haddad já foi instruído a projetar a imagem de pacificador. Nos bastidores, defende um acordo com Ciro e Alckmin para evitar a vitória de Bolsonaro, enquanto o economista do PT Marcio Pochmann, um dos mentores da Nova Matriz Econômica, que quebrou o Brasil, tenta amaciar o mercado, prometendo que Haddad vai evitar choques.

Ou seja: Haddad vai fazendo um movimento em direção ao centro para tentar diminuir a rejeição ao petismo hoje encarnada por Bolsonaro.

Em que pesem as diferenças no cenário político, Lula fez, em carta ao povo brasileiro, o mesmo movimento de marketing em direção ao centro para ser eleito em 2002, e o resultado foram mensalão, petrolão e crescimento insustentável dos gastos públicos.

Já a campanha de Bolsonaro, para diminuir a rejeição entre as mulheres, vai usar um vídeo que mostra o capitão do Exército falando sobre a filha, Laura. Na peça, Bolsonaro se emociona e chora ao contar a história do nascimento da menina, que hoje tem 7 anos.

Ele já havia chorado ao fim da ‘live’ que fez do hospital Albert Einstein ao dizer que se mantém vivo graças a Deus e à sua família. O estado de saúde decorrente da facada que sofreu de um fanático de esquerda faz transparecer em Bolsonaro alguma dose de serenidade que nem ele, nem o general Mourão se esforçam em ter em suas declarações, mesmo agora que precisam parar de assustar os eleitores ainda não conquistados.

O risco da volta do PT com a passagem de Haddad ao segundo turno ainda pode atrair para Bolsonaro eleitores de outros candidatos, de modo que sua campanha já tratou de investir nesse voto útil, na esperança de que o deputado vença ainda no primeiro turno.

Para além de petismo e antipetismo, porém, o duelo entre as chapas de Haddad e de Bolsonaro é o confronto entre o cinismo profissional e a autenticidade temperamental.

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