Felipe Moura Brasil: O cinismo de Haddad dá na vista
Em votos totais no Datafolha, a vantagem de 13 pontos de Jair Bolsonaro, com 49%, sobre Fernando Haddad, com 36%, significa que Haddad precisaria conquistar quase todos os votos em branco e nulos e os eleitores indecisos, que somam 14%, ou seja, um ponto a mais que a diferença entre os presidenciáveis na primeira pesquisa do segundo turno.
Como é improvável haver menos de 1% de brancos e nulos, considerando que no segundo turno de 2014 eles somaram 9,6%, Haddad também precisa desesperadamente reverter votos que Bolsonaro teve no primeiro.
Para isso, ele já se mostrou disposto a fazer o diabo, como é a praxe petista na hora da eleição. O diabo inclui esconder Lula, que comanda sua campanha da cadeia, e o vermelho do PT, apropriando-se do verde-amarelo, e até defender mais armas para o povo, já que o discurso pró-armas de Bolsonaro pegou entre os mais pobres, como informaram governadores do Nordeste a Haddad.
É aquele choque de realidade que as maiores vítimas da criminalidade, os pobres, dão em petistas encastelados e blindados, cercados de seguranças.
Haddad ainda prometeu continuar as investigações em busca da verdade e dar todo apoio à Polícia Federal, Ministério Público, Lava Jato e Poder Judiciário, embora o plano de governo petista preveja o controle social de todos os poderes e do MP, como já defendeu também José Dirceu.
Para completar, Haddad mente nas redes sociais, dizendo que Bolsonaro vai acabar com o 13º e cortar o Bolsa-Família, ao que a campanha de Bolsonaro não só reiterou pela enésima vez que vai manter ambos, mas, para refutar de vez a mentira, prometeu dar 13º também aos beneficiários do Bolsa-Família.
Em votos válidos, Bolsonaro tem 58% contra 42% de Haddad, ou seja: 16 pontos de vantagem. Considerando que cada ponto percentual de votos válidos corresponde a cerca de 1 milhão de votos, a diferença a favor de Bolsonaro neste momento é de cerca de 16 milhões de eleitores.
O poste de Lula, que muda de posicionamento e discurso conforme a conveniência eleitoral, realmente precisaria se transformar em outra pessoa para alcançar o primeiro colocado.
O problema, para Haddad, é que o fingimento e o cinismo exacerbados acabam dando na vista.
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