Felipe Moura Brasil: O cinismo de Haddad dá na vista

  • Por Felipe Moura Brasil/Jovem Pan
  • 11/10/2018 08h51
Tiago Queiroz/Estadão Conteúdo Fernando Haddad O poste de Lula, que muda de posicionamento e discurso conforme a conveniência eleitoral, realmente precisaria se transformar em outra pessoa para alcançar o primeiro colocado

Em votos totais no Datafolha, a vantagem de 13 pontos de Jair Bolsonaro, com 49%, sobre Fernando Haddad, com 36%, significa que Haddad precisaria conquistar quase todos os votos em branco e nulos e os eleitores indecisos, que somam 14%, ou seja, um ponto a mais que a diferença entre os presidenciáveis na primeira pesquisa do segundo turno.

Como é improvável haver menos de 1% de brancos e nulos, considerando que no segundo turno de 2014 eles somaram 9,6%, Haddad também precisa desesperadamente reverter votos que Bolsonaro teve no primeiro.

Para isso, ele já se mostrou disposto a fazer o diabo, como é a praxe petista na hora da eleição. O diabo inclui esconder Lula, que comanda sua campanha da cadeia, e o vermelho do PT, apropriando-se do verde-amarelo, e até defender mais armas para o povo, já que o discurso pró-armas de Bolsonaro pegou entre os mais pobres, como informaram governadores do Nordeste a Haddad.

É aquele choque de realidade que as maiores vítimas da criminalidade, os pobres, dão em petistas encastelados e blindados, cercados de seguranças.

Haddad ainda prometeu continuar as investigações em busca da verdade e dar todo apoio à Polícia Federal, Ministério Público, Lava Jato e Poder Judiciário, embora o plano de governo petista preveja o controle social de todos os poderes e do MP, como já defendeu também José Dirceu.

Para completar, Haddad mente nas redes sociais, dizendo que Bolsonaro vai acabar com o 13º e cortar o Bolsa-Família, ao que a campanha de Bolsonaro não só reiterou pela enésima vez que vai manter ambos, mas, para refutar de vez a mentira, prometeu dar 13º também aos beneficiários do Bolsa-Família.

Em votos válidos, Bolsonaro tem 58% contra 42% de Haddad, ou seja: 16 pontos de vantagem. Considerando que cada ponto percentual de votos válidos corresponde a cerca de 1 milhão de votos, a diferença a favor de Bolsonaro neste momento é de cerca de 16 milhões de eleitores.

O poste de Lula, que muda de posicionamento e discurso conforme a conveniência eleitoral, realmente precisaria se transformar em outra pessoa para alcançar o primeiro colocado.

O problema, para Haddad, é que o fingimento e o cinismo exacerbados acabam dando na vista.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.