Felipe Moura Brasil: PT e PSDB se afundaram na própria lama

  • Por Felipe Moura Brasil/Jovem Pan
  • 12/12/2018 08h09
Fotos Públicas Fotos Públicas A eleição presidencial de 2014 foi uma disputa entre quem trapaceava mais para ser eleito

A julgar pelas investigações sobre o PT e o senador tucano Aécio Neves, a eleição presidencial de 2014 foi uma disputa entre quem trapaceava mais para ser eleito.

Como em matéria de trapaça, os petistas sempre vencem, Dilma Rousseff acabou derrotando o candidato do PSDB. Mas reparem no jogo sujo de ambos os lados.

No pedido de busca e apreensão nos endereços de Aécio, na Operação Ross, deflagrada ontem, a Procuradoria Geral da República detalhou os repasses da J&F de 128 milhões de reais em benefício do senador. Desse total, foram doados:

– 64 milhões e 600 mil reais a diretórios e candidatos tucanos em 2014;

– 20 milhões de reais ao PTB e 15 milhões ao Solidariedade, de Paulinho da Força, em troca de apoio à candidatura de Aécio em 2014;

– e mais 10 milhões 380 mil reais para candidatos do DEM, PTN, PTC, PSC, PSDC, PT do B, PEN, PMN e PSL, anos antes, obviamente, de Jair Bolsonaro filiar-se ao partido.

Em 2014, no entanto, a JBS, empresa do mesmo grupo J&F, havia separado 40 milhões de reais para o PT e sua campanha presidencial, segundo o delator Ricardo Saud, mas as demandas – ou pedidos de propina – eram tantas que, ao final da eleição, a JBS havia repassado cerca de 350 milhões de reais para o PT.

Saud contou ter comprado, a pedido do tesoureiro da campanha de Dilma, Edinho Silva, os partidos da coligação da chapa Dilma-Temer.

Os partidos que receberam dinheiro da JBS foram o PR, o PP, o PRB e o PCdoB. Só o PR recebeu 36 milhões de reais de propina, de acordo com o depoimento.

As empresas de Joesley Batista, obviamente, financiavam as candidaturas rivais de PT e PSDB, para obter decisões favoráveis de quem quer que fosse o presidente eleito.

O ex-ministro petista Antonio Palocci contou em colaboração premiada que a campanha de Dilma de 2014 custou aproximadamente 800 milhões de reais, mais que o dobro dos 350 milhões e 200 mil declarados à Justiça Eleitoral. E nem vou entrar na parte do dinheiro do petrolão arrecadado para eleger Dilma por ordem de Lula, segundo Palocci.

Para se ter uma ideia da diferença em relação a 2018, a campanha de Jair Bolsonaro arrecadou um total de 4 milhões 377 mil reais e gastou apenas 2 milhões 812 mil. O TSE aprovou com ressalvas, mas por unanimidade, a prestação de contas de campanha do presidente eleito, considerando de “pouquíssima relevância”, nas palavras do relator Luís Roberto Barroso, as irregularidades detectadas.

Embora a movimentação bancária ainda não explicada de um ex-assessor de Flávio Bolsonaro seja hoje um fator de desgaste para a família, não foi detectado qualquer indício de dinheiro ilícito usado diretamente pela chapa Bolsonaro-Mourão na eleição deste ano, marcada justamente pela reprovação popular aos métodos petistas e tucanos.

Resta ao presidente eleito fazer jus à esperança de um povo que prefere uma vitória sem trapaças a uma disputa de trapaceiros.

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