Felipe Moura Brasil: PSDB criticava as manipulações do PT, mas faz o mesmo para desconstruir Bolsonaro

  • Por Felipe Moura Brasil/Jovem Pan
  • 03/09/2018 08h02 - Atualizado em 03/09/2018 08h06
Antonio Cruz/Agência Brasil Bolsonaro tem de ser julgado pelos eleitores, para o bem ou para o mal, por aquilo que diz e faz, mas Alckmin também tem de ser, por se fazer de sonso sobre o que faz e diz

Geraldo Alckmin negou que sua campanha esteja atacando Jair Bolsonaro.

“Não há nenhum ataque, é ele que fala. Se o que ele fala é ataque, o problema é dele.”

O nome disso é meia-verdade, ou seja: uma declaração enganosa que inclui algum elemento de verdade.

O elemento de verdade é que Jair Bolsonaro, de fato, falou para a deputada petista Maria do Rosário as frases destemperadas que ele próprio aparece falando no vídeo usado por Alckmin para tentar desconstruir o líder das pesquisas.

A edição tucana, no entanto, omite que Maria do Rosário chamou Bolsonaro de estuprador antes de ser chamada de vagabunda, que a discussão original era sobre a redução da maioridade penal, e que a deputada petista defendia a aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente para o caso de Champinha, o que significa um limite de 3 anos de apreensão para um criminoso que, aos 16, assaltou e sequestrou em zona rural da Grande São Paulo o casal de namorados Felipe Caffé, de 19, e Liana Friedenbach, de 16, depois estuprada por Champinha individual e coletivamente, neste caso com os comparsas Antônio Caetano e Aguinaldo Pires.

No mesmo matagal onde outro comparsa, Pernambuco, havia matado Felipe com um tiro na nuca ouvido por Liana, Champinha ainda tentou sem sucesso degolar a jovem e logo preferiu desferir facadas nas costas e no tórax dela, até matá-la golpeando sua cabeça com o lado cego da faca.

Diferentemente de Maria do Rosário, Bolsonaro defendia a prisão desse estuprador e assassino de mulher.

Você gostaria que a sua filha fosse tratada dessa forma?, pergunta a propaganda de Alckmin, não sobre Liana, claro, mas sobre a reação de Bolsonaro à deputada petista.

Ou seja: a peça publicitária, além das omissões, ainda apela ao eleitor para imaginar sua filha no papel de Maria do Rosário, como se o tratamento tivesse surgido do nada.

Você gostaria de ter um presidente que trata as mulheres como Bolsonaro trata?, pergunta também a propaganda petista, quer dizer, tucana, que, na prática, legitima Maria do Rosário como representante das mulheres brasileiras.

Bolsonaro tem de ser julgado pelos eleitores, para o bem ou para o mal, por aquilo que diz e faz, mas Alckmin também tem de ser, por se fazer de sonso sobre o que faz e diz.

Crítica requer informações e contexto. Quem os suprime convenientemente para fazer um ato, por mais repudiável que seja, parecer pior do que realmente foi não faz crítica. Faz ataque. E deveria assumi-lo.

Nas últimas eleições presidenciais, o PSDB criticava as manipulações do marqueteiro do PT João Santana; mas, para desconstruir Bolsonaro, está indo pelo mesmo caminho.    

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