Constantino: Bolsonaro adota postura institucional e afasta radicalismo

  • Por Rodrigo Constantino/Jovem Pan
  • 29/05/2019 07h39 - Atualizado em 29/05/2019 07h44
Marcos Corrêa/PR Jair Bolsonaro mostra cautela em reunião de conciliação com os três poderes

A reunião no Palácio da Alvorada com os presidentes dos três Poderes foi “excelente” na avaliação do ministro Paulo Guedes. Para Guedes, os atos em defesa do governo no domingo não atrapalharam as relações entre o presidente Jair Bolsonaro, o presidente do STF Dias Toffoli, e os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre.

“Não há nenhum antagonismo entre os Poderes”, concluiu Guedes. O ministro afirmou que as manifestações confirmaram o apoio da população à reforma previdenciária, e se disse confiante de que o Congresso vai aprová-la. Da reunião, saiu também a assinatura de um documento com metas comuns:

“Da reunião de hoje se consolida a ideia que se formalize 1 pacto de entendimento e algumas metas de interesse da sociedade brasileira, a favor da retomada do crescimento. Inclusive já há uma data proposta para que esse pacto possa ser assinado entre os presidentes de poderes –provavelmente na semana do dia 10 de junho”, disse o ministro Onyx.

É alvissareiro ver o presidente adotando postura institucional e buscando o diálogo com os representantes dos demais Poderes. Justiça seja feita, Bolsonaro também rechaçou qualquer mensagem mais golpista ou amalucada nas manifestações, afirmando que defesa de bandeiras como fechamento do Congresso não pertenciam às ruas e que eram coisa de Maduro.

Melhor assim. O problema é que uma ala do bolsonarismo discorda. É evidente que os mais radicais ali desejam sim calar o Congresso na marra e delegar todo poder ao Executivo. A narrativa sedutora é de que o presidente foi eleito pelo “povo” e incorpora a “vontade geral” contra um Congresso corrupto e um Supremo aparelhado. Verdades parciais que podem levar a uma conclusão perigosa.

Bolsonaro sabe, espera-se, que um confronto direto com os demais Poderes seria fatal para seu governo. A corda foi esticada demais já, e o perigo das manifestações era justamente alimentar esse radicalismo de quem quer uma espécie de “despotismo esclarecido”. O presidente, com essas declarações, procura se afastar dessa turma radical.

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