Constantino: Incentivar confronto em âmbito internacional é irresponsável

  • Por Jovem Pan
  • 23/08/2019 09h40 - Atualizado em 23/08/2019 09h48

As queimadas na Amazônia geraram repercussão mundial após, principalmente, o presidente da França, Emmanuel Macron, ter chamado a situação de  “crise internacional”, utilizado uma foto de 2003 para retratar os incêndios e convocado países do G7 para conversar sobre a situação. O governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), no entanto, pode reagiu de forma exagerada.

“Esse é o tipo de polêmica em que todos os lados precisam ser criticados. Não tem santo nessa história e há muita desinformação. Para começo de conversa, o lado esquerdo: acreditar, de fato, que toda essa histeria em prol da Amazônia e da proteção da Amazônia é sincera e não oportunista ou cheia de interesses políticos por trás é dar um atestado de ingenuidade. Tem muita coisa estranha por trás dessas ONGs, muita mamata, a verba está secando, o que faz entrar no oportunismo. E quem entra no oportunismo? Macron e companhia, ONU, os de sempre. Então Macron cheira a oportunidade para dividendos políticos internos e faz uma mensagem realmente condenável, chamando de “nossa casa” e sugerindo, até mesmo, algum tipo de ação internacional pelo G7, algo quer remete a um imperialismo que deveria incomodar a esquerda mas que não incomoda porque há, como eu disse, hipocrisia, e o alvo é o governo Bolsonaro.

Dito isso e detectado o oportunismo da esquerda, a reação não é das melhores. O próprio presidente Bolsonaro ajudou a criar esse clima com aquele escárnio todo, com as ironias, atacando a Merkel e a Noruega, ele acabou jogando lenha na fogueira. Aí vem a escalada da situação e a reação do governo e de alas ligadas ao Bolsonarismo é pior ainda. Então, para começo de conversa, é óbvio que há interesse em atacar o governo, uma vez que estão ignorando que 700 mil hectares já queimaram, também, na Bolívia, o que não é culpa do Ricardo Salles, do ministro, o pantanal paraguaio está em chamas em boa parte, temos questões no Peru, então não é uma coisa específica do Brasil e, se formos olhar só para o Brasil, vamos ver que tivemos mais queimadas na época que Marina Silva, por exemplo, que está pedindo a cabeça do ministro, era ministra do governo Lula.

Então há, como eu disse, muito cinismo e hipocrisia, mas do outro lado, o que vemos? O candidato à embaixador dos Estados Unidos, o filho do presidente e deputado mais votado do país [Eduardo Bolsonaro] retuitando um vídeo em que um youtuber chama Macron de idiota. Eu posso achar Macron de idiota e até expressar isso, não alguém que pretende ser embaixador do Brasil na América. Depois nós vemos o general Villas Boas interpretando as mensagens oportunistas de Macron quase como uma declaração de guerra, de intervenção. O ministro Ernesto Araújo também chama tudo de teoria conspiratória porque estão invejando o sucesso econômico do Brasil, as retomadas de crescimento e reformas. Bom, tem que avisar os 13 milhões de desempregados e todos aqueles que estão vendo o PIB crescer menos de 1% esse ano.

Então eu condeno o globalismo, essa hipocrisia toda desses movimentos ambientalistas, eu condeno tudo isso, mas a reação da turma bolsonarista… Estão escalando uma retórica de confronto, que é o grande instrumento político do bolsonarismo, mas em nível internacional. É perigoso, é temerário e irresponsável. Temos que condenar hipocrisa, mas não podemos deixar o governo jogar mais lenha na fogueira”, disse Constantino.

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