Rodrigo Constantino: A política virou o grande negócio

  • Por Rodrigo Constantino/Jovem Pan
  • 26/12/2018 07h40
Ana Volpe/Senado Ana Volpe/Senado O Fundo Partidário, que atingirá montante próximo a R$ 1 bilhão no próximo ano, foi engordado nas últimas décadas ao mesmo tempo em que o número de siglas no País se multiplicava

O normal em países desenvolvidos é o negócio se meter na política, mas no Brasil a política virou o grande negócio. O Estadão estampou em sua capa esses dias que o dinheiro público destinado aos partidos políticos cresceu quase 500% desde 1996.

O Fundo Partidário, que atingirá montante próximo a R$ 1 bilhão no próximo ano, foi engordado nas últimas décadas ao mesmo tempo em que o número de siglas no País se multiplicava. Em 2019, 30 partidos ganharam nas urnas o direito de terem representação na Câmara dos Deputados, batendo mais um recorde.

Há 23 anos eram 19 legendas com assento no Congresso.O motivo parece evidente, já que não existem mais de 30 ideologias: o mecanismo de incentivos. Todos querem criar um partido, uma sigla fisiológica, para abocanhar esses recursos públicos. É a estatização da política.

A única solução? O fim do fundo partidário e do horário eleitoral “gratuito”. Aí os partidos vão ter que sobreviver só da contribuição de filiados, e para isso terão de entregar resultados. Não haverá mais partidos comunistas que fazem traço nas urnas, mas se tornaram ótimos negócios para seus “donos” capitalistas. A melhor representatividade vem da necessidade de efetivamente representar parcela significativa da população. E isso não tem nada a ver com etnia, renda ou gênero, e sim com ideias e valores.

A cláusula de barreira ajuda, mas acaba concentrando os vastos recursos em poucos partidos, controlados por caciques. A melhor resposta é mesmo retirar o estado do caminho e deixar cada partido se sustentar por conta própria.

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