Rodrigo Constantino: Querem ser a única voz a representar a direita

  • Por Jovem Pan
  • 28/05/2019 17h35
Luciano Freire/Estadão Conteúdo A disputa é por espaço, está claro. Olavetes querem a hegemonia da “direita”

O protesto favorável ao governo foi um relativo sucesso de público, mas eis o que chamou a atenção: o ódio aos liberais por parte da ala mais radical do bolsonarismo. Enquanto muitos enalteciam o filósofo Olavo de Carvalho como se fosse um guru amado, aproveitavam para destilar ódio ao MBL, num espírito de vingança. Mas não dá para entender uma coisa: se as manifestações foram pelas reformas que os liberais apoiam, e não para fechar Congresso ou maluquice do tipo, por que olavetes atacaram tanto os liberais? É rancor, disputa de espaço dentro da direita ou a pauta real era outra, por acaso?

Vejamos o caso do deputado Marcel van Hattem, do Partido Novo. Ele apoiou as manifestações, esteve presente, e fez discurso. Mas ao falar, aproveitou para elogiar a trajetória do MBL e do deputado Kim Kataguiri, um dos que mais lutam pela aprovação da reforma de Guedes. Foi vaiado pelos presentes. E depois atacado nas redes sociais. Acabou, num ato um tanto embaraçoso, justificando-se para uma figura obscura do “jornalismo” bolsonarista, ou seja, para sua militância.

A disputa é por espaço, está claro. Olavetes querem a hegemonia da “direita”. Aprenderam com seus desafetos marxistas. Olavo saiu do marxismo, mas o marxismo nunca saiu dele. É visível pela dialética que usa, para estar “sempre certo”, e pelos métodos de guerrilha intelectual que estimula. Olavo só espalha a divisão, chama de traidor todo aquele que não concorda com ele, e conseguiu arrumar “treta” com todos os mais relevantes líderes liberais e conservadores. Nenhum ex-aluno fala bem do “mestre”, enquanto os atuais vivem à sua sombra, reverenciando um guru “infalível” de forma humilhante e constrangedora.

Olavetes estão em campanha aberta para destruir o movimento que ajudou muito no impeachment de Dilma, enquanto o próprio Olavo jogava duchas de água fria na época. O MBL é o que mais fala da reforma previdenciária, a pauta prioritária do governo, enquanto Olavo não emite uma palavra sobre o assunto. E nas manifestações que supostamente tinham essa como a pauta principal, eis que o MBL se torna o inimigo público número um do país. Faz sentido? Do ponto de vista lógico não, ao menos que seja a lógica de PODER.

Não é por acaso que o ratel seja o mascote escolhido por essa direita nacional-populista autoritária. O bicho não é só destemido. É violento ao extremo, raivoso, agressivo. E isso é o que o torna o mascote perfeito dessa turma! Enxergam inimigos em todo lugar, precisam atacar tudo e todos, ameaçar, intimidar, rosnar, morder. Querem ser a única voz a representar a direita.

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