Pronunciamento revela contradições e as saídas se fecham para Michel Temer

  • Por Jovem Pan
  • 18/05/2017 17h27
BRA105 - BRASILIA (BRASIL), 18/05/2017 - El presidente de Brasil, Michel Temer, habla hoy, jueves 18 de mayo de 2017, durante un mensaje a la nación transmitido desde el Palacio Presidencial de Planalto en Brasilia (Brasil). Temer negó hoy que vaya a renunciar a su cargo, tal como lo exigen toda la oposición y sectores de su propia base política por sospechas que le implican en corrupción e intentos de obstruir a la justicia. EFE/Joédson Alves. EFE/Joédson Alves Michel Temer garante: "não renunciarei" após ser acusado de aprovar propina a Cunha

O pronunciamento de Michel Temer revela contradições e pode complicar ainda mais a situação jurídica do presidente da República. As saídas para o peemedebista vão ficando cada vez mais escassas. O comentário é de Vera Magalhães (assista no vídeo mais abaixo).

Temer diz que tem uma vida ilibada e não precisa de foro especial. Depois, afirma que vai apresentar sua defesa ao STF. Ou seja, apega-se ao foro privilegiado.

Temer diz que foi uma gravação “clandestina”. Não há clandestinidade nessa gravação. Ela foi feita com conhecimento prévio da Justiça na ação controlada da Operação Lava Jato.

É risível quando ele diz que o governo viveu o seu melhor momento. Foi um suspiro de melhora na economia, ainda totalmente debilitada por sua pior recessão. Dado do IBGE mostrou nesta quinta (18) que a subocupação ainda atinge 26,5 milhões de pessoas. Parece o doente terminal, que dá uma melhora na UTI e morre de vez.

Até juridicamente Michel Temer cria armadilhas para si. Ele diz que nunca autorizou que seu nome fosse utilizado indevidamente. Se há uma gravação no sentido contrário em sua conversa com Joesley Batista, da JBS, sobre Rocha Loures, ele já está autorizando.

A história se repete

Michel Temer repete Collor e Dilma em sua desconexão com a realidade.

Fernando Collor de Mello, antes de sair, pediu para os brasileiros saírem de verde e amarelo às ruas. Todos foram de preto.

Dilma viveu o mesmo momento de descompasso com a realidade, quando repetia “não vou cair” em momento no qual o impeachment já estava em marcha, fora a tentativa de dar foro privilegiado a Lula no momento mais grave da crise política de 2016.

Agora, o presidente Michel Temer dá a mesma demonstração.

Se não houvesse acusações gravíssimas, o ministro Edson Fachin não autorizaria um inquérito contra o presidente da República.

Agora fica claro o então estranho movimento do ministro Luiz Fux de levar ao STF a discussão sobre se poderia haver ou não uma investigação contra o Presidente da República. Ali, o procurador-geral Rodrigo Janot já estava tratando com o Supremo deste caso.

As saídas estão muito fechadas para Temer. Não vejo como ele vá se sustentar para além deste fim de semana.

É uma questão de horas para que conheçamos os áudios da delação.

E aí, como Temer ficará confrontado com a própria voz?

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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