Vera: Ainda com poucas informações concretas, polarização continua na ‘Vaza Jato’

  • Por Jovem Pan
  • 25/07/2019 08h08 - Atualizado em 25/07/2019 10h56
Gabriel Biló/Estadão Conteúdo No Twitter, o ministro Sergio Moro falou sobre a aplicabilidade da lei após derrubada de vetos no Congresso Federal

Depois da prisão de quatro acusados de envolvimento no hackeamento de celulares de autoridades brasileiras, como procuradores, o ex-juiz federal Sergio Moro e até mesmo, possivelmente, o ministro da Economia, Paulo Guedes, alguns desdobramentos políticos começam a vir à tona.

Por enquanto, as novas revelações deixam o caso em duas esferas diferentes: a primeira mostra, sim, uma relação imprópria entre juiz e procuradores, já que um juiz não pode orientar procuradores em uma investigação na qual ele é titular da ação penal. Na outra esfera,  uma obtenção criminosa de conteúdos de celulares, algo que coloca o estado democrático em situação ruim, já que não é admissível que autoridades sejam submetidas à isso.

Logo depois da prisão, Moro foi rapidamente às redes sociais parabenizar a Polícia Federal (PF) pela investigação, antes mesmo que o órgão desse a entrevista coletiva com detalhes, mostrando que ele já está usando politicamente as descobertas até aqui para dizer que a fonte não era confiável e que o material publicado pelo site The Intercept Brasil está descredibilizado. Por outro lado, a esquerda fez uma associação infundada, em que compara a pressa nas prisões deste caso e a demora em outros, como a de Fabrício Queiroz, investigado por manter um esquema de corrupção com o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). As duas questões não tem nada a ver, já que uma corre na PF e a outra no Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), acontecendo, portanto, de formas bem divergentes.

As polarizações, portanto, continuam acontecendo, e os argumentos estão sendo colocados sem muita racionalidade. É preciso esperar por um aprofundamento nas investigações, pois ainda há muito o que saber: esses presos são mesmo os responsáveis pelo hackeamento? Alguém encomendou (um dos presos, Walter Delgatti Neto, confessou que forneceu os diálogos ao The Intercept Brasil, mas depois voltou atrás)? Foi iniciativa dos próprios hackers?

Já no Supremo Tribunal Federal (STF), fica aquela que pode ser a consequência mais concreta: o pedido de habeas corpus, por parte da defesa do ex-presidente Lula, pedindo a suspensão de Moro, o que alteraria o curso da Operação Lava Jato. Mesmo assim, é preciso esperar a comprovação dos fatos para que resultados sejam definidos.

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