Vera: Ceder a todos os desejos dos caminhoneiros pode abrir caminho para pressões de outras categorias

  • Por Jovem Pan
  • 23/07/2019 08h15 - Atualizado em 23/07/2019 10h46
Tomaz Silva/Agência Brasil Categoria está jogando com o governo da forma que lhe convém

Depois de sofrer forte pressão dos caminhoneiros, que ficaram insatisfeitos com as regras da nova tabela de frete estipulada a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e ameaçaram uma nova greve, o governo federal cedeu a mais um dos pedidos da categoria. Nesta segunda-feira (22), a pedido da categoria, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, optou pela suspensão da nova tabela.

Ao atender novamente às demandas da categoria, o governo se coloca em uma posição delicada, que dá margem à uma sociedade em que todos vão colocar a faca em seu pescoço. Para não correr o risco de desagradar os caminhoneiros, que é uma população forte na base de apoio do presidente Jair Bolsonaro (PSL) desde a época das eleições, a gestão se torna refém da categoria, que já entendeu que, sempre que não gostar ou concordar de algo, basta buscar formas truculentas e radicais de protestar para que seus pleitos sejam atendidos.

No caso dos caminhoneiros, por exemplo, as ameaças de nova greve, de ateamento de fogo em pneus ou mesmo o risco de perder o eleitorado cumprem muito bem esse papel de cercar o governo. Apesar de não ser uma medida nada democrática e nem razoável de negociar, a categoria já entendeu que isso funciona. A partir daí, para que outros grupos de trabalhadores entendam a lógica, fica fácil: diversos setor da sociedade podem, agora, começar a também se manifestar de forma incisiva e ameaçadora para conseguir o que querem.

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