Vera Magalhães: Em meio a derrotas no STF, prisão de Temer traz fôlego para Lava Jato

  • Por Jovem Pan
  • 21/03/2019 13h14 - Atualizado em 21/03/2019 13h22
Agência Brasil Michel Temer, homem idoso de cabelos brancos, de perfil. Está sério e usa terno cinza. O ex-presidente Michel Temer foi preso nesta quinta-feira (21)

O ex-presidente Michel Temer demonstrava preocupação com outros três casos, mas esse específico, ligado ao Rio de Janeiro, não estava no seu radar. Ele se mostrava preocupado com o caso envolvendo a delação de Joesley Batista, da JBS — aquele do grampo de maio de 2017 que levou à paralisação da reforma da Previdência.

Monitorava também o caso dos Portos, que passou para a primeira instância e no qual é acusado de obter vantagens de empresas que teriam sido beneficiadas pelo decreto editado por ele há dois anos; e também o inquérito do MDB, aquele que fala da doação da Odebrecht ao partido. Esse caso da delação da Engevix passava ao largo das preocupações de Temer, pelo menos aquelas manifestadas por ele em conversa no seu escritório político, em São Paulo.

Agora, são pouquíssimos os integrantes desse círculo mais alto do MDB que não foram alvos de prisão em nenhum momento. A saber: o ex-presidente José Sarney, o senador Renan Calheiros, o ex-senador e presidente do partido Romero Jucá.

Fora esses, todos os altos integrantes já foram ou estão presos, como o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima, o ex-ministro Henrique Eduardo Alves e os ex-governadores Sérgio Cabral e Fernando Pezão. Ou seja, o MDB é hoje um partido com quase toda sua cúpula envolvida na Operação Lava Jato.

E uma das consequências dessas prisões é que a Lava Jato vinha num momento de questionamentos e de derrotas, principalmente no Supremo Tribunal Federal (STF). Isso traz um novo fôlego para a operação. Aos cinco anos, pode ser que ela ganhe mais uma perna, mais um período para continuar.

As prisões coincidem também com as articulações para a reforma da Previdência. Isso causa marola política, que é tudo o que o governo não deve desejar. Isso também afasta 30 deputados importantes do Congresso, que pertencem ao MDB.

Por outro lado, o presidente Jair Bolsonaro foi eleito com um discurso contra a corrupção e tem o ex-juiz da Lava Jato Sérgio Moro ao seu lado. O discurso do governo deve ser o de que a Justiça deve ser para todos, indistintamente. O senador Major Olímpio (PSL-SP) já começou esse discurso. Ele deverá ser ouvido também por outros expoentes do governo.

Não vamos esquecer que Moreira Franco vem a ser casado com a sogra de Rodrigo Maia (MDB-RJ). Ou seja, a operação atinge o núcleo familiar do presidente da Câmara, que tem sido o principal articulador da reforma.

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