Costa confirma que levou propina para não atrapalhar compra de Pasadena. Quem pagou? Fernando Baiano, um amigo do amigão do homem…

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 23/01/2015 08h02
Em depoimento à Polícia Federal, Paulo Roberto Costa, o ex-diretor de Serviços da Petrobras que fez acordo de delação premiada, foi inequívoco: só ele recebeu US$ 1,5 milhão em propina para não criar dificuldades na compra da reinaria de Pasadena, nos EUA. Como era o titular de uma diretoria poderosa, tinha como dificultar os trâmites. E com quem ele acertou a canalhice? Segundo disse, com o lobista Fernando Baiano. O pagamento foi feito no exterior, no Vilartes Bank, no paraíso fiscal de Liechteinstein. Baiano, assegurou, era um operador do PMDB, mas também trabalhava para outros partidos. Segundo Costa, o homem era muito próximo do empresário Fernando Bumlai. Quem é Bumlai?  Trata-se de um dos maiores e mais fiéis amigos pessoais de Luiz Inácio Lula da Silva.

Em 2011, reportagem de VEJA começou a desvendar essa figura. Leio trechos:
“É um dos maiores pecuaristas do país, amigo do peito do ex-presidente Lula e especialista na arte de fazer dinheiro – inclusive em empreendimentos custeados com recursos públicos. Até o ano passado, ele tinha trânsito livre no Palácio do Planalto e gozava de um privilégio sonegado à maioria dos ministros: acesso irrestrito ao gabinete presidencial. Essa aproximação excepcional com o poder credenciou o pecuarista a realizar algumas missões oficiais importantes. Ele foi encarregado, por exemplo, de montar um consórcio de empresas para disputar o leilão de construção da hidrelétrica de Belo Monte, uma obra prioritária do governo federal, orçada em 25 bilhões de reais. (…)

Seus filhos também se tornaram amigos dos filhos de Lula. Amizade daquelas que dispensam formalidades, como avisar antes de uma visita, mesmo se a visita for ao local de trabalho. Em 2008, após saber que o serviço de segurança impusera dificuldades à entrada do pecuarista no Planalto, o presidente Lula ordenou que fosse fixado um cartaz com a foto de Bumlai na recepção do palácio para que o constrangimento não se repetisse. O pecuarista, dizia o cartaz com timbre do Gabinete de Segurança Institucional, estava autorizado a entrar “em qualquer tempo e qualquer circunstância”.

Há mais coisas sobre o homem. Vejam lá depois. Empreiteiras reclamavam, por exemplo, de suas intromissões na… Petrobras.

Aviso que dava a Bumlai aceso irrestrito a Lula, a qualquer hora. Um amigão!

Mas voltemos a Costa. Segundo seu depoimento, quem apareceu com o negócio de Pasadena foi Nestor Cerveró, e o que se comentava é que a propina, possivelmente paga pela Astra, a empresa belga que era dona da refinaria, foi de US$ 20 milhões a US$ 30 milhões.

Costa dá a entender que os que conheciam o assunto sabiam ser um mau negócio, mas aprovado pelo Conselho de Administração — presidido à época pela então ministra Dilma Rousseff — e também pela diretoria. O presidente da empresa era José Sérgio Gabrielli. Segundo disse, as obras de adequação da refinaria ficaram a cargo do petista Renato Duque, que seria o arrecadador das propinas do PT. Ele, então, escolheu para o serviço a Odebrecht e a UTC Engenharia, ambas investigadas na Operação Lava-Jato.

Sei não… Mas é possível que a importância de Fenando Baiano ainda cresça nessa narrativa.

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