Criminalizar produção de carne no Brasil é inaceitável

  • Por Carlos Andreazza/Jovem Pan
  • 22/03/2017 08h49
HON04 HONG KONG (CHINA) 22/03/2017.- Paquetes de carne en una carnicería en Hong Kong (China) hoy, 22 de marzo de 2017. Hong Kong, el segundo mayor importador de carne brasileña después de China, acordó suspender temporalmente y como "medida de precaución" la importación de este producto tras el escándalo surgido en el país sudamericano sobre la adulteración de la carne. EFE/Jerome Favre EFE/Jerome Favre Prateleira de Hong Kong

Não é aceitável, sinceramente, que uma operação que investiga um grupo de fiscais criminosos acabe por criminalizar a produção de carne no Brasil. Porque é essa a compreensão generalizada a respeito, graças ao modo espalhafatoso como a autointitulada “maior operação da história da Polícia Federal” se informou ao mundo.

Aliás: e daí que seja a maior da história? Isso por acaso é chancela que livre uma ação de erros ou deslizes? Para ficar na língua do povo: desde quando tamanho é documento?; desde quando tamanho é garantia de eficiência?

Afinal, o que temos hoje de concreto? Que 21 frigoríficos – de um total de quase 5 mil – estão sob suspeita, dos quais apenas três foram interditados. É isso. Sei, eu sei, que se planta aqui e acolá que há provas ainda a serem reveladas etc. Bem, eu não tenho fontes privilegiadas nem acesso ao que é sigiloso, e não posso fazer análise senão a partir do que tem para hoje.

Daí porque pergunto… Será razoável vermos a população brasileira desinformada e os mercados internacionais fechando às portas à carne do Brasil quando, no entanto, sabemos que, objetivamente, apenas um frigorífero foi periciado?

Será razoável que a Polícia Federal se possa lançar a tamanha operação – de natureza tão específica, sobre matéria tão delicada – sem se fazer acompanhar de embasamento técnico? É admissível que se desqualifique a produção de carne brasileira tendo como elementos probatórios aqueles colhidos em escutas telefônicas?

Não são poucas as questões…

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.