Crise na segurança é muito mais que preso matando preso
O governo deu um passo adiante na crise dos presídios e autorizou o uso das forças armadas para conter o avanço das facções criminosas dentro das prisões.
Está claro que o presidente tomou essa decisão, à qual ele já estava inclinado, após consultar juristas – como o ex-presidente do STF Carlos Ayres Britto, que defendeu que as forças armadas podem ser usadas emergencialmente e por tempo determinado, a partir da solicitação de governadores.
Os presídios são territórios do Estado que estão sob risco de não terem mais a tutela do Estado. Os presos hoje em dia comandam essas unidades. Em Natal vimos presos em cima do telhado, exibindo livremente bandeiras da facção como se fossem torcidas organizadas, entrando e saindo das celas quando bem desejam, matando pessoas de maneira bárbara.
Esse problema explodiu desde o início do ano em um problema que deixou de ser de segurança pública e passou a ser de segurança nacional. Não é, nem nunca foi, como muitas pessoas pensam de maneira simplista, apenas uma questão de preso matando preso.
São facções que dominam o comércio de armas e drogas no Brasil, disputam o controle da entrada de drogas e armas nas fronteiras e estão se tornando multinacionais do crime.
Ou o governo age para coibi-las de maneira integrada, orgânica e muito pesada, ou vai perder essa batalha.
É louvável que o governo tenha parado de negar o problema, se omitindo.
Não é a função precípua das forças armadas esse tipo de ação. Mas estamos diante de uma situação excepcional que exige uma ação excepcional.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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