Dallagnol errou ou acertou? O PT vibra; PGR fica apreensiva. Isso responde?

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 15/09/2016 07h24
EFE/Geraldo Bubniak

Se alguém quer saber a medida do acerto ou do erro da coletiva liderada por Deltan Dallagnol, então fique com esta: a cúpula do PT vibrou com o acontecido. Os comandantes do partido avaliam que, segundo eles, sem provas para demonstrar que Lula é o dono do tríplex, os procuradores resolveram investir numa questão maior: acusá-lo de ser o chefe do petrolão. Ocorre que, como observou a defesa do ex-presidente, não se fez essa acusação formal, não se apresentou essa denúncia. E por que não? Um deles responde: “Porque não há prova disso também”.

Rui Falcão e outros dirigentes do PT avaliam que a entrevista coletiva dos procuradores reforçou a tese de que Lula é vítima de uma perseguição política e que tudo não passa de um complô para inabilitá-lo a disputar a Presidência da República em 2018.

A defesa de Lula e o PT sempre contaram com o momento em que se faria a acusação formal a Lula: é ele o que se chamava antigamente o “chefe de quadrilha”, uma tipificação que desapareceu. Achavam que isso seria feito bem mais adiante. Não contavam que os procuradores fossem, na análise deles, colocar o carro adiante dos bois.

Um juiz federal, que acompanha esse caso de perto, também comentou com este jornalista: “Eles cometeram um erro primário. Nem um infiltrado de Lula na Força Tarefa seria capaz de ideia tão brilhante para colaborar com o ex-presidente”.

E isso era visível. Vi a entrevista concedida por Rui Falcão, presidente do partido. Mais um pouco, ele dava pulinhos de alegria. Tão logo Dallagnol começou a fazer digressões sobre o sistema político brasileiro e até sobre o presidencialismo de coalizão, os companheiros passaram a trocar mensagens frenéticas no WhatsApp.

Procuradoria-Geral da República
Rodrigo Janot também sabia do evento, que já tinha sido anunciado. Na Procuradoria-Geral da República, o clima no staff de Janot era de desalento. A avaliação quase unânime é a de que Dallagnol se perdeu, encantado com a própria retórica. O que se avalia é que o MPF terá de se dedicar ao esforço defensivo de demonstrar que nada tem contra Lula.

É claro que vou ler a denúncia na íntegra. A restrição da Procuradoria-Geral tem um centro: a denúncia de Dallagnol serve para inflamar a opinião pública, mas constrange, na mesma medida, os meios jurídicos. E serão os juízes a decidir, não o clamor popular. E no curto prazo? Qual a consequência para o PT? Fica para outro post.

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