A democracia Brasileira deve muito a Joaquim Barbosa

  • Por Jovem Pan
  • 30/05/2014 12h09

Nêumanne, quais são as consequências da aposentadoria anunciada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa?

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, é uma figura controversa, uma figura polêmica. Ele tem um temperamento muito explosivo e já teve várias manifestações sobre as quais eu tive a oportunidade de comentar aqui negativamente, principalmente os seu entreveros com o revisor do caso do Mensalão, Ricardo Lewandowski, que vai substituí-lo na presidência do Supremo Tribunal.

Mas a verdade é que, se não fosse às vezes essa truculência do Joaquim Barbosa, muita coisa teria se tornado impune, muita gente ia ser inocentada, muito bandido de colarinho branco ia ser até endeusado. O ministro teve uma atuação exemplar. O voto dele, como relator do “projeto” do Mensalão, é uma aula de lógica de encher de orgulho Aristóteles, São Tomas de Aquino e outros grandes lógicos. Mereceu uma cobertura magnífica do Jornal Nacional e o povo brasileiro tomou conhecimento da lógica desse voto. E foi essa lógica que levou à cadeia toda a cúpula do PT e do governo Lula, no primeiro mandato, por crime de corrupção ativa, passiva, formação de quadrilha, etc.

O Joaquim Barbosa fará falta. O seu vigor, a sua força, às vezes, de forma intepestiva também farão falta porque, certamente, ele será substituído por algum conciliador ao estilo dos que a Dilma costuma escolher – Teori Zavascki, que soltou Paulo Roberto Costa; o Luiz Barroso, do Rio de Janeiro, que está sempre defendendo o réu em vez de julgá-lo e por aí afora.

A verdade é que a democracia brasileira deve muito a Joaquim Barbosa. A gente só espera que o exemplo dele tenha caído no meio da população e que ela observe com mais atenção, mais desvelo e um rigor crítico maior aos que o substituírem – não apenas o que vai pro seu lugar, mas também o senhor Lewandowski na presidência.

Não tenho nenhuma expectativa em relação ao futuro político de Joaquim Barbosa; agora, o futuro político do Brasil sem ele lá na presidência do Supremo é, digamos, bastante leniente. E é o mínimo que se espera.

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