Dilma faz discurso lamentável, muito ruim em rede nacional

  • Por Jovem Pan
  • 11/06/2014 11h52

Reinaldo, Dilma fez nesta terça-feira em rede nacional de Rádio e Televisão o seu discurso sobre a Copa do Mundo. O que você achou?

Muito ruim, lamentável mesmo. Olá, internautas e amigos da Jovem Pan.

Na imaginação do lulo-petismo, esta quinta seria o dia da consagração do partido, de Lula e, claro, de Dilma. A presidente faria o discurso de abertura, e o estádio explodiria num grito de incontida alegria. No luminoso talvez brilhasse uma inscrição: “Brasil, ame-o ou deixe-o”. Afinal, nada mais parecido com a face mais tosca do regime militar do que o lulo-petismo, com os seus sonhos de um capitalismo rigidamente controlado pelo estado, com a substituição da antiga tecno-burocracia pela elite sindical de agora. Mas deu tudo errado. Dilma não vai nem dizer “Boa tarde!”, ou o Itaquerão será inaugurado para o mundo com uma vaia como nunca antes na história”deste país. A presidente sabe o gosto que isso tem. Como esquecer a “homenagem” que lhe prestou o estádio Mané Garrincha, em Brasília, na Copa das Confederações?

Impedida de falar por vontade expressa dos brasileiros, a presidente apelou a um instrumento sobre o qual o povo não tem controle nenhum: a Rede Nacional de Rádio e Televisão, onde ela pode dizer o que lhe dá na telha, certamente aplaudida pelos áulicos profissionais. E Dilma fez, então, o seu discurso inaugural nesta terça, dois dias antes de o Brasil fazer o seu jogo de estreia, o primeiro da Copa do Mundo de 2014, contra a Croácia.

Começou exaltando a boa índole do nosso povo, as nossas belezas naturais, vocês sabem, aquilo tudo que faz da gente um povo alegre e com samba no pé… Até aí, vá lá. Não se poderia esperar muita coisa além de uma “Aquarela do Brasil” filtrada pela linguagem da antropologia burocrática. Mas Dilma decidiu ir além e responder a seus críticos.

Segundo a presidente, esses pessimistas “já saíram perdendo” porque suas previsões teriam falhado. E foi enumerando e tentando provar o contrário: “Disseram que não teríamos estádios, que não teríamos aeroportos, que não teríamos energia…”.

Pra começo de conversa, ninguém disse que “não teríamos”. Teríamos e temos, mas incompletos, muito distantes do que foi combinado. O atraso na privatização dos aeroportos se deve ao fato de que Dilma governa com dois braços esquerdos, não é? A sua repulsa ao capital privado atrasou as privatizações, e boa parte das obras será entregue depois da Copa. Isso é apenas fato, não boato. Praticamente não há estádio que tenha sido entregue conforme o que estava especificado. Alguns estão recebendo o acabamento enquanto escrevo este texto. A maioria das obras de mobilidade ― estas, sim, poderiam trazer qualidade de vida à população ― ficou no papel.

O que se disse é que haveria atraso: e houve. O que se disse é que não se cumpriria o prometido: e não se cumpriu. A fala faz uma exploração lamentável da Copa do Mundo, e tendo a achar que é contraproducente, gerando um efeito contrário ao pretendido. Ficou nítido que, em vez de um discurso de boas-vindas, Dilma estava respondendo a seus críticos, numa posição, convenham, um pouco covarde. E não me refiro à covardia pessoal, mas à covardia do governo. Afinal, os que contestam seus argumentos, numa questão com esse alcance público, não têm uma Rede Nacional de Rádio e Televisão para responder.

Ora, se Dilma está tão certa de tudo o que diz, que o diga, então, na quinta-feira. Que tome o microfone ― e sua posição lhe faculta essa licença ― e exalte as maravilhas de sua gestão para mais de 60 mil pessoas ― e olhem que boa parte desse púbico é composta de convidados.

Se eu fosse conselheiro de Dilma, recomendaria que não apelasse a um instrumento que deveria servir apenas ao trabalho de informação para fazer um discurso que não tem como não soar autoritário.

Ah, sim: a presidente disse que seus críticos passaram “o ridículo” de prever um surto de dengue. Bem, o Brasil passa por um surto de dengue. Sim, é verdade, é o surto de sempre. É que, em países atrasados, com governos atrasados, os surtos se tornam crônicos.

 

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