Em entrevista, Graça Foster expressa confusão sobre falha na Petrobras

  • Por Jovem Pan
  • 27/03/2014 10h39

Reinaldo, Graça Foster, presidente da Petrobras, concedeu uma entrevista ao jornal O Globo e anunciou a criação de uma Comissão de Investigação na empresa. Por que você diz que depois da entrevista ficou ainda preocupado?

Por duas razões: porque ela se expressa de maneira muito confusa e porque deixou claro que a qualquer momento outra bobagem monumental pode ser feita na Petrobras, já explico tudo. Olá internautas e amigos da Jovem Pan.

Antes que fale de Graça Foster preciso corrigir um erro meu. Afirmei aqui na Pan que José Eduardo Dutra, que já presidiu o PT e a Petrobras, é presidente da BR Distribuidora. Errei, não é não. Ele já foi, não é mais. O atual presidente da BR Distribuidora é José Lima de Andrade Neto, Dutra é hoje diretor corporativo e de serviços da Petrobras. Quando erra jornalista tem que se corrigir em benefício dos ouvintes, seria muito bom se os governantes fizessem o mesmo em benefício da população. Vamos seguir adiante.

Graça Foster concedeu, como se disse, uma entrevista ao jornal O Globo e explicou assim o embrolho da refinaria de Pasadena. Prestem atenção: “O resumo executivo, que é um resumo para o executivo, ao ser elaborado, a gente deve colocar todos os pontos que são pontos de atenção do processo. E foi sentido falta de mais informações. No resumo executivo não consta a cláusula Marlim, que trata da rentabilidade, e não consta o Put Option, que trata da saída da outra parte da companhia”.

Trata-se de uma fala tumultuada que parece refletir um certo ambiente de confusão na Petrobras. A própria Graça revela que na refinaria de Pasadena havia um comitê gestor secreto de proprietários. Do qual fazia parte Paulo Roberto Costa, aquele ex-diretor da Petrobras que está preso. Esse comitê tinha mais poderes do que a própria direção da empresa. Vale dizer, era uma bagunça.

Mas não é só a fala atrapalhada de Graça que deve nos deixar com o pé atrás não. Na entrevista ela deixa claro, ainda que sem querer, que absurdos iguais ao de Pasadena podem acontecer de novo. Porque?

Indagada se a omissão de cláusulas no resumo executivo é coisa normal, ela respondeu: “Aí depende do diretor que está elaborando o resumo e de quão relevante   é a cláusula”. A reportagem quis saber como é que se trata dessa questão hoje em dia, sabe o que ela disse? Isto: “Da mesma forma que antes. É impossível para a presidente da companhia, ao receber o resumo executivo que se prepara para encaminhar ao conselho de administração, conseguir antever todos os elementos a estarem no resumo executivo. Cabe ao diretor da área tomar posição e colocar ali quais são os pontos relevantes”.

Entendi, a maior empresa do país, que já chegou a ser a décima segunda no mundo, hoje é a 120ª, fica refém de um diretor. Se ele decidir fazer tudo certo, ótimo. Se for um pilantra, pior para o presidente e para os conselheiros. Traduzindo a fala de Graça Foster para o português quer dizer o seguinte: “Pode acontecer de novo”.

Isso explica, parece, a compra desastrada de Pasadena. A negociação absurda com os venezuelanos no caso da refinaria de Abreu e Lima, aquela refinaria orçada em 2,5 bilhões e que já está em 20 bilhões de dólares. O atraso no complexo petroquímico no Rio e o estouro do orçamento, de 19,5 bilhões de reais para mais de 26 bilhões. O rolo com a empresa de plataforma da Holanda. E outras barbaridades.

 

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