Gilmar Mendes contesta opiniões de Moro sobre abuso de autoridade e foro especial

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 08/11/2016 10h37
Montagem/Agência Brasil e AGPT Gilmar Mendes e Sergio Moro - Montagem ABR

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral e ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, rebateu a sugestão feita pelo juiz Sergio Moro de reduzir o foro especial por prerrogativa de função apenas aos presidentes dos três Poderes.

O ministro citou o jornalista americano H. L. Mencken: “Para todo problema complexo, uma solução simples é geralmente errada”.

Ouça o comentário completo de Reinaldo Azevedo aqui

Mendes classificou como uma “bobagem” o discurso de que a primeira instância é boa, e o Supremo, ruim. Ele lembrou que, no julgamento do mensalão, o caso andou mais rapidamente na Corte do que no juízo de primeiro grau.

Gilmar Mendes  fez críticas também às declarações de Moro sobre o momento para se votar a proposta do abuso de autoridade. Afirmou o ministro: “É muito interessante isso: quem é o juiz do tempo? São eles? Esse projeto é de 2009, e a lei que regula o abuso é de 1965, portanto totalmente ultrapassada”.

Só para lembrar: Moro defendeu essas teses em entrevista publicada domingo pelo Estadão. Embora tenha evitado uma crítica explícita ao Supremo, sobrou a implícita: há a sugestão de que o tribunal é mais lento. Bem, Mendes tem razão, sim: há processos derivados do mensalão e que foram para a primeira instância que estão sem resposta até hoje.

Mais: cumpre lembrar que um julgamento feito pelo Supremo não tem recurso a instância superior. Considerando os prazos recursais a partir da primeira instância, a crítica é realmente improcedente.

Cumpre lembrar que, no caso dos réus do mensalão, havia apenas três pessoas com foro especial: Waldemar Costa Neto, João Paulo Cunha e Pedro Henry. Em razão disso, o Supremo decidiu julgar as 38 pessoas: 25 condenações, 12 absolvições e o envio de um caso para a primeira instância.

Naquela ocasião, foram mandadas para a cadeia, mesmo sem foro especial, pessoas como José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares. E todos aplaudiram o Supremo.

Os réus tentavam migrar, então, para a primeira instância justamente em busca dos recursos a que não teriam direito no STF.

É bem provável que o publicitário Marcos Valério e a banqueira Kátia Rabello ainda estivessem soltos se julgados pela primeira instância.

É preciso pôr um ponto final a um mais do que indiscreto movimento para demonizar a corte máxima do país. Que se mudem as leis que não parecerem boas, ora essa, mas sem embates que têm uma natureza obviamente política.

Quanto a não ser hora de votar uma lei que puna abuso de autoridade, dizer o quê? O abuso de autoridade, que eu saiba, não tem hora para acontecer. Assim sendo, também não tem hora para ser combatido.

Ou será que erro em alguma coisa?

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.