Governo recebe black blocs e afasta caminhoneiros

  • Por Jovem Pan
  • 27/02/2015 13h38
SÃO PAULO, SP, 13.12.2013: PROTESTO/BLACK BLOC - Manifestantes membros do grupo Black Bloc se reuniram em frente ao Teatro Municipal, na região central de São Paulo, para protestarem contra o governador do estado de São Paulo Geraldo Alckmin. Houve presença de grande contingente da Polícia Militar presente na ocasião. Oficiais da Polícia Militar transmitiram a manifestação via Tweetcam. Os manifestantes partiram do Teatro Municipal, passaram em frente á Prefeitura de São Paulo, depois pela região da Praça da Sé, onde paralizaram o trânsito da Rua Maria Paula. Em seguida se encaminharam ao começo da Rua da Consolação e chegando ao metrô República, onde os manifestantes se dispersaram. (Foto: André de Oliveira/Fotoarena/Folhapress) Folhapress Black Blocs fazem protesto em São Paulo

Reinaldo, qual é, afinal, para o governo, o mal dos caminhoneiros?

Eles trabalham. Curioso este governo Dilma: negocia com bandidos, recebe invasores que partem para a porrada, deixa-se fotografar com seus líderes, mas endurece o jogo com quem trabalha e tem demandas que são, sim, justas.

No dia 12 de fevereiro do ano passado, uma manifestação do MST na Esplanada dos Ministérios deixou, atenção!, 30 policiais militares feridos. Carvalho foi bater um papinho com eles, e Dilma, ela mesma, os recebeu em palácio no dia seguinte. Afinal, como se sabe, eis um governo que dialoga.

Com os caminhoneiros, que são trabalhadores, a postura é bem outra. São as primeiras vítimas da recessão em curso do governo da companheira. A categoria está na lona. A equação que junta elevação dos combustíveis, preço do frete e queda das commodities quebrou as pernas da turma, que se manifesta Brasil afora bloqueando as estradas.

Reitero o que já disse no programa “Os Pingos nos Is”: não endosso manifestações que cassam das pessoas o direito de ir e vir. Acho que é possível fazer de outro modo. Mas compreendo a justeza das reivindicações e acho que o governo tem de negociar. Houve, sim, uma reunião com lideranças dos caminhoneiros. Ocorre que são sindicalistas pelegos, que não representam os que estão efetivamente parados.

Jose Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, resolveu endurecer o jogo, a mando de Dilma. Afirmou que os nomes dos motoristas multados por infração de trânsito nos bloqueios de estradas serão enviados aos juízes para viabilizar a cobrança das multas por descumprimento das ordens judiciais de desbloqueio. As multas da Justiça estão fixadas entre R$ 5 mil e R$ 10 mil por hora para cada caminhoneiro. O ministro afirmou, ainda, que pediu à Polícia Federal a abertura de inquérito para apurar crimes cometidos ao longo dos protestos, inclusive a suspeita de que empresas estariam por trás das manifestações.

Pois é… Pelo visto, o que falta aos caminhoneiros que estão bloqueando as estradas é um selo de qualidade ideológica. Pertencessem a um dos aparelhos que estão na rede de apoio ao petismo, não estariam sendo perseguidos pelo governo. Ou vocês já viram o MST, liderado por João Pedro Stedile, e o MTST, liderado por Guilherme Boulos, arcar com o peso das ilegalidades que promovem? Ao contrário: Dilma se deixa fotografar ao lado desses patriotas.

No fim das contas, o mal dos caminhoneiros é trabalhar, é pagar impostos. Fossem meros invasores da propriedade alheia, mas com pedigree ideológico, estariam sendo abraçados por Dilma e Cardozo.

A presidente está em maus lençóis. A companheira é hoje a principal promotora do protesto do dia 15 de março.

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