Gullar morreu como viveu: livre
Perdemos neste domingo (4) um grande artista e um importante pensador: Ferreira Gullar.
Sobre a arte do poeta, aconselho: leia Ferreira Gullar, se dê essa chance. Não será perder tempo.
Sobre o pensador, comunista a maior parte de sua vida, quando aliás, diga-se, não era lucrativo ser comunista, pergunto: como não respeitar e honrar alguém cujo espírito independente soube conduzir o homem para longe da ditadura e das mistificações esquerdistas.
Isso é tão raro no Brasil. Isso é Ferreira Gullar. Aquele que enfrentou a patrulha dos donos da cultura para defender as liberdades individuais. Nunca é tarde.
Num País em que medalhões das artes vivem e morrem presos às ideologias da juventude, por assassinas que se revelem, Ferreira Gullar resolveu abrir os olhos e fazer a autocrítica: foi dos primeiros críticos do lulopetismo, em que rápido identificou a nova roupagem para a velha mentira.
Estava certo e enfrentou o assédio de não ser artista engajado, razão pela qual tentaram enterrá-lo vivo, não raro apontando senilidade onde só havia lucidez.
Que se danem. Ferreira Gullar morreu como viveu: livre. Ele venceu.
Saudades do poeta.
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